quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Comércio internacional, mercado interno, imigração, desafios, história



INDÚSTRIAS REUNIDAS FRANCISCO MATARAZZO


Francisco Matarazzo, um imigrante bem sucedido, com talento e sagacidade, um dos maiores empreendedores da indústria brasileira, construiu um império industrial.




Ele é o imigrante mais famoso que se conhece, tinha 27 anos quando veio para o Brasil em 1881. Vinha de Castellabate, na Campanha (sudoeste da Itália), onde ficaram seus irmãos. Seu pai, advogado e proprietário de terras, havia falecido quando ele era ainda adolescente. A instabilidade política da Itália, decorrente das guerras de unificação (1860-1870), havia abalado as finanças da família, o que obrigou Francisco a ingressar no comércio, logo que terminou o curso secundário.

Se nos tempos de hoje, em pleno século 21, depara-se com inúmeras dificuldades, barreiras e desafios para a a atuação da indústria e comércio no mercado interno e no comércio internacional, difícil se imaginar à frente de um empreendimento de grande envergadura há 120 anos atrás.

Ainda na Itália, Francisco Matarazzo adquiriu experiência empresarial criando porcos e dedicando-se a venda de toucinho e banha. O sonho de “fazer a América” foi o desafio que o trouxe ao Brasil, terra de novas oportunidades e mercados, para onde já tinha imigrado outros membros da comunidade de Castellabate. Ao embarcar para a nova pátria, Francisco trazia “bons conselhos e um milhar de liras”. 

Junto com ele vinha também um carregamento de banha, que lhe permitia iniciar-se no comercio. Mas essa mercadoria naufragou nas costas brasileiras, o que desanimaria espíritos menos resolutos.

Francisco Matarazzo seguiu para Sorocaba, no interior de São Paulo, onde, no ano seguinte, abriu uma casa comercial que vendia porcos e banha. Naquela época, o café era o produto mais importante da economia brasileira, mas Matarazzo decidiu investir em outros produtos que faziam parte da mesa dos brasileiros como o arroz, o queijo, o óleo etc.

Estabelecido com esse empório em maio de 1882, Matarazzo dedicou-se ao comercio de importação de banha, farinha de trigo e outros gêneros, viajando freqüentemente a Santos e para a capital. A conjuntura econômica da época extremamente favorável ao comercio, devido ao crescimento das cidades, trouxe prosperidade ao incansável comerciante.

Pensando no mercado interno, começou a produzir banha de porco, que normalmente era importada. Matarazzo escolhia pessoalmente os porcos e guardava a banha em barris de madeira, que vendia aos fregueses de porta em porta. Em 1890, transferiu-se para São Paulo, trazendo da Itália a esposa Filomena, 2 filhos e irmãos. Na primeira década do século 20, já havia acumulado um capital considerável que aplicou em atividades industriais e comerciais.

Na época a banha importada dos estados Unidos vinha em barris de madeira. As pequenas indústrias nacionais do ramo usavam esses mesmos recipientes, que por serem grandes demais, dificultavam o comercio no varejo, oferecendo o perigo de deterioração da mercadoria. As pequenas latas de banha produzidas por Matarazzo fizeram sucesso no mercado.


Logo ele se voltaria também para a indústria. Criar porcos, comprar da vizinhança e produzir banha foi uma feliz idéia de Francisco. E mais feliz ainda a idéia de vendê-la em nova embalagem: a lata.

A princípio montou um moinho de trigo, depois tecelagens, indústria metalúrgica, moinhos para a fabricação do sal, refinarias de açúcar, fábricas de óleo e gordura, frigoríficos, fábrica de velas, sabonete e sabão. E mais: centros fabris, usina de sulfureto de carbono e de ácidos, fábrica de fósforos e pregos, de louças e azulejos, usina de cal, destilaria de álcool, fábrica de papel e a primeira destilaria de petróleo de Cubatão.


Em 1888, ele possuía duas fabricas de banha, em Sorocaba e em Capão Bonito, com os ossos de porco, produziam também botões e barbatanas de colarinho. Em 1890, transferiu-se para a capital a fim de ampliar os negócios. 


Dez anos depois, a 15 de março de 1900, vamos encontrá-lo inaugurando, no bairro do Brás, o imenso moinho Matarazzo, construído segundo os moldes da arquitetura inglesa e destinado a produzir farinha de trigo e massas alimentícias. A partir de então, seus negócios diversificaram-se notavelmente. Em 1902 a oficina mecânica do moinho foi transformada numa fabrica independente, da qual surgiria mais tarde a metalúrgica Matarazzo, e em 1904 seria inaugurada, também no Brás, a tecelagem de algodão Mariângela, que fazia sacos para embalar a farinha, tecidos estampados para vestimenta.


As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) chegaram a contar com mais de 200 fábricas. Paralelamente à expansão industrial, Matarazzo tinha um banco, uma frota de navios, um terminal no porto de Santos e duas locomotivas para transportar mercadorias. Sem falar nos imóveis que incluíam uma imensa mansão na avenida Paulista.

Como outros pioneiros da industrialização brasileira, contou com a ajuda do governo, cuja política de proteção alfandegária reduzia o custo de importação de algumas matérias-primas e impunha tarifas elevadas a produtos estrangeiros competitivos.

O aproveitamento das sobras de matéria-prima da tecelagem deu origem as fabricas de óleo e sabão Sol Levante, que utilizavam os caroços do algodão. Logo surgiriam em outros bairros de São Paulo e em outros estados, como no Paraná novas unidades Matarazzo, como uma serraria produtora de embalagens, artigos para carpintaria e fósforos. As industrias Reunidas F Matarazzo constituíam uma sociedade anônima da qual participavam o futuro conde e seus irmãos José e Luiz, que vieram da Itália no final do século XIX .

Até 1900, a principal fonte de credito da empresa era o London & Brazilian Bank. Mas, nesse mesmo ano, Francisco Matarazzo resolveu organizar sua própria casa bancaria.

Ao lado de Giuseppe Pugliese,um dos fundadores do Moinho Santista; de Emilio Falchi, dos chocolates Falchi, e de Egidio Gamba, dono dos Grandes Moinhos Gamba, inaugurou o banco Commerciale Italiano di São Paulo, com um capital de 2000 contos de réis. Cinco anos depois, a 24 de novembro de 1905, afasta-se de Falchi e de Pugliese e funda, com Egidio Gamba, o Banco Italiano Del Brasile. No fim da década, em dezembro de 1910, Matarazzo podia fazer o primeiro balanço de sua vida empresarial, enquanto contemplava, de uma janela de seu palacete na Avenida Paulista, a noite de São Paulo; Em 1887, o capital nominal de suas empresas somava 20 contos de réis; treze anos depois, em 1900, esse capital havia saltado 2010 contos, alcançando um crescimento total de 9950% sobre o capital inicial. Dez anos mais tarde, o conde podia vangloriar-se de possuir o maior complexo fabril da América do Sul. O capital de sua empresa chegara a 8000 contos de réis.


Recebeu do rei Vitorio Emmanuele o título de conde por ter enviado à Itália mantimentos durante a Primeira Guerra Mundial. Admirador de Mussolini, o conde chegou a contribuir financeiramente com o fascismo. Muitos dos operários em suas fábricas eram imigrantes italianos.


“Eu lhe faço notar que não tive jamais, nem procurei ter o que se chama patrão”.
(Francisco Matarazzo).


Fonte: http://mariolopomo.zip.net

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