segunda-feira, 28 de setembro de 2009

VIDA, TEMPO E FELICIDADE


Em recente entrevista concedida à revista Isto É, foi formulada a seguinte pergunta para o doutor Roberto Shinyashiki:

Isto É:

- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus, isto é verdade?

Dr. Roberto:

- A sociedade quer definir o que é certo.

- São quatro loucuras da sociedade:

- a primeira, é instituir que todos têm que ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.

- a segunda loucura é: Você tem que estar feliz todos os dias.

- a terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.

- por fim, a quarta loucura: Você tem que fazer as coisas do "jeito certo". Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas.

As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.

Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.

Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.

Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema.

Pacientes terminais no leito de morte pegam o médico pela camisa e dizem:
"Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz."

Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, ou por não ter comprado isto ou aquilo, mas sim, de ter ..."esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida".

... aprendi que a felicidade ..."é feita de coisas pequenas", quase imperceptíveis.

Pense ... medite ...

Alguma coisa parece semelhante em tua vida?


Fonte: Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, PG Administração de Empresas, consultor organizacional e conferencista

Colaboração: Marinez Fernandes

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Experiência Vs Percepção e Discernimento


Certa vez, duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente e logo nadou até a borda do copo. Mas, como a superfície era muito lisa e suas asas estavam molhadas, não conseguiu escapar.

Acreditando que não havia saída, desanimou, parou de se debater e afundou. Sua companheira, apesar de não ser tão forte, era tenaz; por isso continuou a se debater e a lutar. Aos poucos, com tanta agitação, o leite ao seu redor formou um pequeno nódulo de manteiga, onde ela subiu e conseguiu levantar vôo para longe.

Tempos depois, a mosca tenaz, por um descuido, caiu novamente em um copo, desta vez cheio de água. Imaginando que já conhecia a solução para aquele problema, começou a se debater na esperança de que, no devido tempo, se salvasse. Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da outra, pousou na beira do copo e gritou: - Tem um canudo ali, nade até lá e suba!!!.

A mosca tenaz respondeu: - Pode deixar que eu sei como resolver esse problema. E continuou se debatendo, mais e mais, até que, exausta, afundou na água.

MORAL DA HISTÓRIA: ”Soluções do passado, em contextos diferentes, podem se transformar em problemas.”

Quantas vezes, baseados em experiências anteriores, deixamos de observar as mudanças ao nosso redor e ficamos lutando inutilmente até afundar em nossa própria falta de visão? Criamos uma confiança equivocada e perdemos a oportunidade de repensar nossas experiências.

Ficamos presos a velhos hábitos que nos levaram ao sucesso e perdemos a oportunidade de evoluir... Os donos do futuro sabem reconhecer essas transformações e fazer as mudanças necessárias para acompanhar a nova situação.

Colaboração: Cleber Bombem - RGB Comércio e Serviços de Medições

domingo, 20 de setembro de 2009

A Hipocrisia camuflada na gestão empresarial

Existe uma tendência que parece ser crescente nas empresas atualmente, talvez o termo correto não seja hipocrisia, pois não se trata de um fingimento ou uma falsidade, mas sim daquele desejo que a grande maioria tem, mesmo que inconsciente de ser enganado a qualquer instante.

Há pouco tempo, trabalhei administrando negócios financeiros de uma organização, que embora citasse na sua missão tornar-se a melhor empresa para se trabalhar e mantivesse na lista de valores da sua diretoria o item “Valorização do Ser Humano”, não possuia sequer um plano de carreira ou uma política clara e adequada de cargos e salários, nenhum plano ou qualquer reconhecimento por metas atingidas. Muito pelo contrário, remunerava mal seus colaboradores, não oferecia nenhum tipo de benefício extra-CCT, nomeava funcionários sem competência mas amigo de diretoria para cargos gerenciais, avaliava indevidamente o desempenho funcional e a organização perdia oportunidades de aproveitamento de excelentes profissionais.

Atitudes desse tipo na administração dos recursos humanos, inclusive o costume formal de exigir superior completo para a maioria dos cargos administrativos, ao invés do pleno domínio de conhecimento técnico e prático, pautando-se quase que exclusivamente em documentos comprobatórios e não em resultados efetivos, demonstram uma verdadeira vocação de quem adora ser enganado.

Essa política adotada por algumas empresas, ou melhor, essa falta de política, aliada em grande parte até mesmo à própria incapacidade do elemento inicial recrutador, criam um clima propício para que fiquem no quadro de colaboradores somente aqueles profissionais acomodados, sem iniciativa, que não possuem qualquer tipo de ambição e na maioria das vezes nem a qualificação adequada para a função que exercem.

Vivemos um momento ilusório em relação ao tema qualificação profissional, com exigências muitas vezes exageradas e descabidas para a função, aumentando a rotatividade de colaboradores na organização e resultando em produtos ou serviços sem qualidade, já que a maior parte da equipe estará sempre em processo de aprendizagem.

Conhecimento

Toda e qualquer empresa, seja de que segmento for, bens, produtos, serviços, independente do seu porte, têm uma mercadoria caríssima em sua prateleira e poucos, raros são os seus proprietários que se dão conta, que é justamente o "CONHECIMENTO", qual seja, o seu próprio, aquele dos seus colaboradores mais experientes, aquele de eventuais candidatos a vagas e que já trazem na bagagem este valor, que pode ser agregado aos projetos de expansão da empresa em com a rapidez, segurança e objetividade que o mercado atual exige dada a velocidade com que a economia e as informações se expandem a níveis mundiais, além da dinâmica das normas e legislações pertinentes a cada atividade, enfim, o discernimento para a execução, a boa percepção, a iniciativa para ir além de um único objetivo e buscar soluções alternativas e a decisão gerencial correta.

O colaborador deve ser um persistente nato, leva sempre consigo uma determinação e fixação por aprender cada vez mais, está sempre procurando superar seus próprios limites, domina plenamente todos os procedimentos para a sua função e sempre vai além, quando recebe uma tarefa não enxerga a sua conclusão apenas como um limite, como um ponto final, procura superar as expectativas, demonstra iniciativa e busca novas ações.

Fonte/Colaboração: Denis Sasso, Administrador de Empresas

Sua empresa é inovadora?




Quando a pauta das reuniões é inovação, o primeiro pensamento dos executivos é: inovação = novos produtos. Mas, inovação resume-se mesmo apenas à criação de novos produtos? A resposta é simples: não!

Inovação é muito mais do que tecnologia de ponta em produtos eletrônicos. Pode-se inovar em quatro dimensões: em produtos, processos, na gestão e no negócio. É necessário, também, que as empresas e seus executivos tenham a consciência de que a inovação não é somente para as grandes corporações ou tema desenvolvido pela NASA.

Não é preciso investir milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos, para ser reconhecido como inovador em processos, negócios ou novos modelos de gestão.

O primeiro passo para se inovar em uma organização é ter a real noção do que não é inovação. Lampejos de criatividade não geram inovações propriamente ditas. É necessário saber onde e como inovar, criar um ambiente permissivo à geração de idéias e à transformação de idéias em negócios, e saber como gerenciar este processo em suas quatro dimensões.

Inovação nos Produtos

Modificar um produto já lançado, ou lançar um novo, com melhorias que aumentem seu desempenho.

Inovação nos Processos

Desenvolver novos métodos de produção ou geração de valor ao cliente, ou aprimorar os já existentes.

Inovação na Gestão

Mudanças na gestão e na arquitetura organizacional, gerando maior rapidez, eficiência, e rentabilidade para a organização.

Inovação no Negócio

Ocorre quando a empresa inicia atividades em outro ramo de atividade, por exemplo, um fabricante de metralhadoras que passa a produzir também máquinas de costura, essa mudança na área de atuação da empresa é considerada inovação no negócio.

Devemos entender que inovação não é um processo isolado. Ao inovar em apenas uma dimensão, em produtos, por exemplo, estaremos deixando de lado outras oportunidades de crescimento e desenvolvimento que poderiam ser encontradas nas áreas de projetos, negócios ou processos.

As 10 perguntas que você deve fazer

Por este motivo, nem sempre as organizações desenvolvem-se de forma adequada ou atingem o resultado planejado. Para contornar essa dificuldade e passar à frente da concorrência, o gestor deve se fazer dez perguntas para saber se sua empresa está no caminho da inovação.

1. Estamos convencidos de que essa é a nossa escolha? Estamos abertos a abraçar as mudanças?

2. Temos uma estratégia de inovação? Sabemos como nos posicionar nesse campo para nos diferenciar e vencer?

3. A estratégia serve de base para o nosso Programa Integrado de Gestão de Inovação? Abrangendo todas as iniciativas, um “projeto do projeto”?

4. Como estão nossos processos de inovação? Podemos assegurar que a inovação e as idéias são gerenciadas para dar resultados e virar negócio?

5. Como é o nosso ambiente? É por si só um gerador de inovação?

6. Temos acesso à tecnologia necessária para inovar? As ferramentas de trabalho e pesquisa estão disponíveis?

7. E as pessoas, estão integradas? Existe paixão e dedicação no que fazem? Valorizamos os que “fazem diferença” nesse campo? E os que não têm este perfil?

8. Nossos valores e crenças têm clara orientação para uma cultura da inovação?

9. Esses pontos (perguntas anteriores) têm propiciado um clima favorável à inovação e à mudança?

10. Medimos em diferentes dimensões a inovação? Recompensamos os times e indivíduos que a fazem acontecer?

Seguindo este pequeno roteiro, ao desenvolver uma gestão de inovação integrando as quatro dimensões, produtos, processos, negócios e gestão, a organização se transformará em uma “Usina de inovações”, capaz de transformar idéias em negócios.

Fonte: Valter Pieracciani, Pieracciani Desenvolvimento de Empresas

Dicas para consultoria



A consultoria é uma atividade do setor de serviços, setor que se caracteriza pelo alto grau de intangibilidade, de simultaneidade entre a produção e consumo e de inseparabilidade entre o prestador e o serviço propriamente dito.

Veja a seguir dicas para aumentar a eficácia de projetos futuros:

Análise das Necessidades Organizacionais

Reflita sobre a razão de sua organização querer contratar uma consultoria.
Inicie a consultoria somente se houver o comprometimento da empresa com a mudança.

Lembre-se que a consultoria pode ajudar na fase de diagnóstico, mostrando algo que você ainda não tenha percebido.

Esteja realmente disposto a ouvir o que ela tem a dizer, pois o papel profissional do consultor é de relação de ajuda.

Reflita também se deseja um especialista que analise e proponha as ações ou um profissional para ajudar na definição e implantação das mesmas, pois são dois métodos diferentes quanto a seus resultados.

Informações para escolher a Consultoria ou o Consultor

Estude os trabalhos anteriores do consultor ou consultoria, e resultados obtidos. Busque informações com clientes antigos ou atuais.

Evite contratar alguém com uma "solução a procura de um problema" e tome cuidado com jargões ou métodos da "moda".

Constate que alguns processos são semelhantes em todas as organizações. Neste caso o consultor a ser contratado não precisa ter experiência no ramo do seu negócio mas sim nesse processo específico.

Analise o risco do consultor "estar consultor" e resolver voltar a ser empregado novamente em outra organização, antes de finalizar seu trabalho.

Consultor que está em início de carreira não deixa de ser adequado e competente, mas geralmente tem experiência na área de sua especialidade e pode não possuir outros competências necessárias para a atividade de consultoria.

Não se deixe influenciar apenas pelo nome ou "grife" da consultoria, isto nem sempre é sinal de adequação à sua situação específica.

Pesquise e constate que os Consultores Seniores podem estar em consultorias consideradas médias ou pequenas.

Avalie os honorários dos serviços levando em consideração a relação de custo e benefício.

O Contrato de Prestação de Serviço

Discuta os resultados esperados e certifique-se que tudo que esteja escrito na proposta.

Não tenha constrangimento de pedir detalhes, certificando-se de que o consultor entendeu bem o que você quer. Isso evita a maioria dos problemas futuros.

Exija que a metodologia seja adequada, para que após a conclusão do projeto a sua organização seja capaz de dar auto-sustentação com autonomia.

Verifique se a equipe que fará parte do projeto é adequada aos seus propósitos e se os Consultores Seniores que você solicitou estarão efetivamente alocados ao mesmo até o fim.

Certifique-se do código de ética que a consultoria segue.

Exija a avaliação de desempenho após aplicação, além da avaliação de reação que é feita só pós-eventos.

Gestão e Avaliação

Discuta e estabeleça pontos de controle, indicadores de resultados, fases e etapas, cronograma, como e quando o serviço termina. Não abdique do controle das decisões que envolvam a sua empresa.

Acompanhe de perto o andamento dos trabalhos, a metodologia e os resultados obtidos. Você tem um papel a exercer, não fique aguardando que os consultores façam tudo por você, isto é fundamental para o sucesso do projeto.

Seja assertivo e não tenha medo de elogiar ou de dizer o que não está bem.

Fonte: Eduardo Rocha, Conselho Consultivo do IBCO


Informe-se sobre os serviços:
E-mail: laercio1958@hotmail.com 
+55 (18) 8144-2231

PRÁTICA DESLEAL DE PREÇOS NO MERCADO INTERNACIONAL


A legislação brasileira de dumping

O Brasil, ao contrário da de outros países, não elaborou lei específica para coibir o dumping. Ao contrário, as ações relativas à matéria se fundam diretamente no texto do Código Antidumping da Rodada Tóquio do GATT.

As alegações de dumping são apreciadas pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, através da Conselho Técnico Consultivo. Uma vez decidida a aplicação da medida, os direitos antidumping são fixados por ato do Ministro da Fazenda.

Noção de dumping

Parece importante ter em mente o que é dumping, como categoria específica em face de outras modalidades de práticas ilícitas de comércio exterior. A noção presume a coexistência de dois elementos:

a) a prática de um preço, no mercado do país importador, inferior ao valor normal, entendido como tal o preço comparável praticado no curso de operações comerciais normais para um produto similar destinado ao consumo dentro do país exportador

b) a causação ou a ameaça de causação de um prejuízo importante a uma produção já estabelecida no país importador; ou se a prática retarda sensivelmente a criação da produção nacional

Assim, o dumping só é suscetível de repressão se observados os dois elementos mencionados e as importações são manifestamente a causa principal de um prejuízo importante.

Segundo a regra própria, cada requerente da aplicação da medida terá que provar a existência de um prejuízo e o vínculo de causalidade entre a importação e o prejuízo.

Dano efetivo

O procedimento deste tipo tem por fundamento o dano efetivo à economia ou a unidades economicas específicas por força de prática de preços no mercado de exportação inferiores aos do mercado de origem do mesmo exportador, em condições comparáveis.

O dano pode ser, entre outros, queda de produção, vendas, participação no mercado, lucro, produtividade, retorno dos investimentos ou utilização da capacidade produtiva; efeitos efetivos ou potenciais sobre o fluxo de caixa, estoques, empregos, etc. Nem todos os danos previstos na lei são determinados pela perda de vendas, nem diretamente quantificáveis.

Além disto, como indicado, o Código também prevê a ameaça de dano como fundamento da imposição de direitos. Valeria, assim, mencionar e demonstrar os efeitos possíveis do dano futuro, caso permaneçam as práticas desleais de preços.

Dano material

Segundo o Código (Art. 3, nota 2.) o dano que leva à imposição dos direitos é aquele demonstradamente importante para a indústria, seja em proporção ao volume produzido, seja à receita total. Ordinariamente, não são considerados como relevantes danos que não sejam relevantes para a indústria em questão.

Causalidade

O Código prevê uma série de possíveis concausas, como a retração da demanda e a evolução da tecnologia, que podem eliminar a causalidade entre o dumping e a lesão (Art. 3.3 e nota 5). ], o determinante da lesão. Embora possa ser difícil delinear com precisão o vínculo de causalidade, caberia mencionar as razões negativas pertinentes - porque as demais concausas não são as determinantes ou, pelo menos, porque não são as únicas determinantes do dano.

Dumping em terceiros países

É importante lembrar que o Art. 12 do Código de Dumping prevê que poderão ser levados em conta os efeitos, num determinado país, do dumping ocorrido em terceiros países; por exemplo, o resultado do mesmo quanto às exportações das indústrias do país afetado.

Vale notar que em particular os Estados Unidos tem, em certos casos, se valido do dispositivo do Código para solicitar procedimentos de dumping em terceiros países, para resguardar o interesse de exportação americano.

As outras medidas possíveis

Ao impor acréscimos tarifários ao exportador singular que causa danos por distorção de preços, o procedimento anti-dumping visa primordialmente evitar o prosseguimento da prática lesiva, não reparar os danos efetivos nem impor penalidades.

O objetivo da medida é evitar que a economia interna ou as unidades economicas nela operando sejam lesadas pela prática de preços, incompatíveis com a respectiva estrutura de custos do exportador, a qual se presume revelada pela prática de preços no mercado original do exportador.

Tanto a reparação quanto a penalização podem ser, conforme o caso, objeto de outros procedimentos, administrativos ou judiciais, que serão úteis - até mesmo indispensáveis - na afirmação dos direitos das empresas lesadas. É o que veremos.

a) Defesa da concorrência

Note-se que o dumping, cuja prova se faz perante o Departamento de Comércio Exterior, é também na lei brasileira classificado como crime contra a ordem econômica. Com efeito, diz o Art. 4º da Lei nº 8.137 de 27 de dezembro de 1990:

"Constitui crime contra a ordem econômica:

I- abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente a concorrência mediante: (...)

f) impedimento à constituição, funcionamento ou desenvolvimento de empresa concorrente. (...)

V- provocar oscilação de preços em detrimento de empresa concorrente ou vendedor de matéria prima, mediante ajuste ou acordo, ou outro meio fraudulento;

VI- vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o fim de impedir a concorrência. (...)

Art. 11 Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Como o crime em questão é de ação pública (Lei 8.137, Art. 15) a prática em questão, desta forma, é reprimida pelo Estado, que deve tomar as medidas necessárias para prevenir a prática do ilícito. Não se trata, de nenhuma forma, de simples questão de proteção de interesses particulares, mas de tutela da ordem pública.

Assim é que, igualmente na esfera administrativa, a Lei 8.158 de 8 de janeiro de 1991 determina que a Secretaria Nacional de Direito Econômico atuará - inclusive ex officio (Lei 8158, Artº 4º) no sentido de evitar "o cerceamento à entrada ou à existência de concorrentes, seja no mercado local, regional ou nacional" assim como "a fixação de preços dos bens e serviços abaixo dos respectivos custos de produção".

A mesma lei considera infração à ordem econômica, sujeita à repressão administrativa pelo Estado brasileiro:

Art. 3º. - Constitui infração à ordem econômica qualquer acordo, deliberação conjunta de empresas, ato, conduta ou pratica tendo por objeto ou produzindo o efeito de dominar o mercado de bens ou serviços, prejudicar a livre concorrência ou aumentar arbitrariamente os lucros, ainda que os fins visados não sejam alcançados, tais como: (...)

II- limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; (...)

XIII- vender mercadoria ou prestar serviço sem margem de lucro, visando à dominação do mercado; XIV- importar ou exportar mercadoria ou comercializá-lo abaixo do preço praticado no país exportador em prejuízo de concorrente com estabelecimento no Brasil. (...)

XVI - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento e ao desenvolvimento de empresas.

Em face de tal legislação, é facultada ao Governo Federal a imposição de medidas cautelares na esfera administrativa, a pedido da parte ou ex officio (12), e independente da apuração de qualquer culpa ou dolo dos causadores (13), para, por exemplo, regular a importação de produtos que corporifiquem violação das regras de defesa da concorrência.

b)Concorrência desleal

Nada impede que, a par da petição de dumping e das medidas no âmbito da defesa da concorrência - de tutela de direito público -, se tomem as medidas cíveis e penais relativas à repressão da concorrência desleal. Esta, que leva em conta não o interesse do Estado em ter concorrência mas a posição individual de empresas disputando um mesmo mercado, tem sua vantagem no que independe de uma ação do Poder Executivo, o qual pode ter que consultar interesses da política internacional, ou ser limitado pelas regras do GATT.

A repressão à concorrência desleal é prevista no Art. 178 do Dec. Lei 7.903/45, mantido em vigor pelo Art. 126 da Lei 5.772/71, sob o amparo, inclusive, da Convenção da União de Paris de 1883, em seu Artigo 10-bis. Em resumo, tais dispositivos legais reprimem as práticas desleais de concorrência, através de ações cíveis ou penais movidas diretamente pelo interessado. Adotada a via cível, poder-se-ía solicitar a reparação dos danos já incorridos, assim como a imposição de multas (ditas de astreinte) que reverteriam em favor do lesado caso se reincidisse na prática ilícita.

Não parece impossível, com base na tutela da concorrência desleal, postular até mesmo medida cautelar que vedasse provisoriamente a prática desleal de preços, até o julgamento final da causa. Para viabilizar esta medida, no entanto, seria prudente esperar a exigência de caução do juízo quanto aos eventuais danos às rés, caso o resultado da ação fosse, no final, desfavorável ao requerente.

(Protegido pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998 - Lei de Direitos Autorais)

Fonte: Denis Borges Barbosa. Doutor em Direito Internacional e da Integração Econômica UERJ; Master of Laws Columbia University School of Law; Mestre em Direito Empresarial UGF; Professor de Propriedade Intelectual PUC/RJ, UERJ, UCAM, FGV/SP e RJ, CEU/SP e Faculdades Curitiba.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ENERGIAS RENOVÁVEIS PARA UM PLANETA MELHOR (Meio Ambiente, Mercado Interno e Comércio Internacional)

Em 2010, mais da metade da população mundial, projetada para algo em torno de 6,9 bilhões de pessoas, viverá em cidades.

Em poucos anos, teremos mais de dez megacidades com mais de dez milhões de habitantes (pela ordem: Tókio, Bombaim, Nova Deli, Cidade do México, São Paulo, Neva Iorque, Dacar, Jacarta e Lagos). Especialmente na América Latina e na Ásia serão megacidades.

Há consenso quanto à urgência na ampliação da área verde e da floresta urbana como essenciais para as cidades, tendo como efeito direto a ampliação da geração de resíduos. Para atacar este problema, apresenta como política a aplicação dos 4Rs – Reduzir, Reciclar, Reutilizar e Retardar. Além disso, apresenta as possibilidades de aplicação dos conhecimentos tradicionais da população alojada nas periferias da cidade como forma de reutilizar a fitomassa, reintroduzindo-a no sistema urbano circular.

A humanidade não é uniforme. É um flagrante exemplo de desnivelamento de riqueza, de assimetrias culturais, de diversidade nas percepções da natureza e do mundo, assim como uma aberrante construção de desconexões. E as cidades são reflexos da sociedade humana. As cidades guardam a “capacidade de embrutecer e de refinar” (ROGERS, 2008). A dialética entre os opostos pode conduzir ao agravamento das dicotomias, mas também é onde estão as melhores oportunidades para avançar ao inexplorado, àquilo não-percebido, ampliando o processo de consciência da presença e dos efeitos que a humanidade imprime sobre a totalidade da Terra em curto espaço de tempo mas com intensa capacidade de impacto.

Perceber a vegetação, reconhecer as funções já consagradas e explorar as novas possibilidades que enseja no ambiente urbano, é uma das propostas que se coloca num momento histórico em que a humanidade precisa repensar suas estratégias de existência (e não de sobrevivência), abandonando a visão estritamente utilitarista para assumir as possibilidades criativas e renovadoras nas interfaces entre cidade, natureza e cultura.

Para viver em cidades, o ser humano necessita de água, espaço, energia, abrigo e fruição. Mas também necessita de áreas para despejo de resíduos, nem sempre disponíveis ou obtidos dentro do próprio socioecossistema. Desta forma, ao mesmo tempo em que coloca sob estresse suas fontes de espaço, água, ar, vegetação e sonho, tem a capacidade de satisfazer suas necessidades ao se valer de sua competência para criar soluções técnico-culturais. Essa característica diferencia o socioecossistema urbano criado, uma vez que sua atividade cultural moldará estruturas sociais, políticas, econômicas, estéticas, de transporte, moradia, comunicações e tantas outras, tornando-o típico dos seres humanos e influindo muito além de seus limites físicos.

O processo de formação da cidade, desde seus primórdios, é indissociável das áreas naturais. O ambiente hostil que abrigara as primeiras aglomerações cede espaço para a estruturação de dois grupos sociais: um que produz o excedente e outro que assume fazeres suportados por aquele. Complementam-se e subordinam-se. No espaço natural organiza-se a atividade agrícola, conquistando áreas mais amplas próximas a rios, transportando mercadorias para o espaço edificado da cidade. Atraídas pelas trocas, as informações fluem. O poder encontra uma sede. A revolução está na aceleração dos processos, na otimização dos recursos e nas trocas entre diferentes.

As cidades, dominadas pela poluição gerada com a queima de combustíveis fósseis para o aquecimento ou resfriamento e para a movimentação das máquinas, tornam-se ambientes vistos e interpretados como impróprios para a vida, contrapondo ao que se interpreta do campo como ambiente ideal para a se viver. Dessa contraposição estética, filosófica e também religiosa, desenvolve-se a idéia de que melhores condições sanitárias estão associadas à presença de árvores e de espaços onde elas possam ser plantadas, cultivadas e preservadas, envidando todos os esforços para ampliar a longevidade do conjunto dos indivíduos e não apenas daquelas reconhecidas como as mais velhas.

É patente que há consenso quanto à necessidade de ampliar a oferta e qualificação de espaços verdes, quer por implantação de novos, quer por renovação, por reutilização de espaços urbanos degradados por outras atividades típicas da cidade industrial ou pelo desenvolvimento de novas tecnologias de implantação de áreas vegetadas em locais onde hoje as possibilidades ainda são experimentais ou remotas. A Tabela 1 expõe tipologias de espaços verdes concebidos a partir de uma combinação matricial de fatores físicos, sociais, ambientais e econômicos que apontam para um socioecossistema sustentável, conforme defende Falcón (2007).

Na verdade, o que se está pressupondo é que o agravamento das condições climáticas em nível global exigirá mecanismos mais ágeis e participativos. A cada micro-clima cria-se uma cultura de cuidar, de proteger, de perenizar as árvores, especialmente aquelas inseridas na malha urbana ou por ela incorporadas. A presença das árvores e seu forte apelo simbólico fortalece os vínculos culturais e provocam uma ampliação do sentido de cidadania que não é exclusividade do componente humano,
mas também reside na interface entre as formas de vida animal e vegetal co-habitando e co-significando o mesmo meio ambiente.

A reciclagem e o reuso possibilitam organizar uma cadeia de atividades potencialmente geradoras de benefícios sociais e ambientais. Produzir novos produtos derivados da reutilização dos resíduos é poupar recursos não-renováveis e diminuir a pressão sobre os recursos naturais escassos. Adotar a reciclagem significa, acima de tudo, um incentivo à percepção diferenciada das nossas relações com a natureza, permitindo ampliar a questão e desenvolver comportamento mais adequado, mais amigáveis, que combatem o desperdício (SCARLATO & PONTIN, 1992, p. 58).

Somente os vegetais clorofilados são capazes de transformar a energia solar em biomassa. Através da fotossíntese, dentro dos estômatos, reúnem condições para as reações químicas entre água, nutrientes e dióxido de carbono (CO2) com a energia solar, transformando-os em glicose e oxigênio (O2). A glicose é metabolizada e transformada em celulose, substância que dá a estrutura da planta e O2 é a molécula liberada. "Como este é o processo de nutrição orgânica da maior parte da massa vegetal do mundo, e como dessa massa dependem, primária ou secundariamente, todos os animais, inclusive o homem, podemos aquilatar a importância desse processo para a vida em nosso planeta" (COUTINHO, 1974, p.64).

No processo, também perde uma pequena parte do CO2 para a atmosfera que, em pequenas quantidades, é o responsável principal pelo efeito estufa - natural - que mantém as temperaturas do planeta suficientemente estáveis para gerar e manter os diversos ecossistemas onde prolifera a vida em suas inúmeras e ainda desconhecidas formas.
A biomassa, submetida a pressões de magnitude geológica durante milhões de anos, concentrou gigantescas quantidades de energia no petróleo, carvão e gás natural, os quais se apresentam, para nós, na forma de corriqueiros combustíveis fósseis, de onde retiramos a maior parte da energia e dos materiais sintéticos necessários para manter nosso modo de viver.

O efeito estufa que está nos levando ao limite de suporte da vida é resultante da exagerada queima de biomassa e de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural, ao longo dos anos-loucos da primeira Revolução Industrial, levando à exaustão recursos naturais não-renováveis e desencadeando complexo processo de aquecimento ao ultrapassar o limite de suporte do planeta na assimilação do CO2.

Ante esse quadro, chamam a atenção as possibilidades de aproveitamento das fibras vegetais produzidas pela floresta urbana, tanto aquelas coletadas pelo serviço de limpeza pública – poda, capina e varrição –, como aquela gerada pela manutenção de jardins particulares. Calcula-se que 70% de toda biomassa produzida pela arborização urbana termina em depósitos a céu aberto, mesmo se admitindo que muitas das espécies utilizadas em praças e jardins são potencialmente boas fornecedoras de fibras com qualidades físicas e químicas, principalmente para uso em pequenas escala. Dentre elas podemos citar ágaves (Agave angustifolia, Agave sisalana, Agave filifera), palmeiras (Phoenix canariensis, Livistona chinensis, Licuala grandis, Chrysalidocarpus lutescens, Cocos nucifera, Caryota urens, Caryota mitis), embaúbas (Cecropia glaziovi, Cecropia sciadophylla), coníferas (Cupressus sempervirens, Juniperus chinensis, Thuja occidentalis, Pinus eliottii, Araucaria angustifolia, Araucaria heterophylla) e muitos outros vegetais arbóreos, arbustivos e herbáceos cultivados pela madeira, fruto, folhas, flores, raízes, sementes, cascas, odor ou pelo efeito paisagístico.

As energias renováveis são fontes de energia limpa que podem substituir os combustíveis fósseis, tais como, o carvão, o gás e o petróleo. A produção deste tipo de energias baseia-se no aproveitamento do que a natureza nos dá sem causar impacte negativo no planeta. As principais energias alternativas são: energia eólica, solar, biomassa, geotérmica e hídrica. Com o uso destas energias estamos a contribuir para um ambiente mais propício para uma vida saudável na Terra, porque evitamos a poluição e a degradação do ambiente.


Biomassa

Uso energético requer planejamento racional

O uso de madeira para energia vem se mantendo estável nos últimos 10 anos, entre 240 e 260 milhões de m³ anuais. Isto coloca a geração de energia como um importante componente da utilização de recursos florestais no Brasil, preferencialmente resíduos. Se somente o montante de lenha utilizada pelo setor industrial (40% do consumo global) fosse comercializado, o volume de recursos monetário ultrapassaria US$ 500 milhões anuais. A utilização racional de fontes energéticas e a otimização dos suprimentos, dentro de políticas econômicas, sociais e ambientais vigentes justificam um planejamento energético.

Um estudo feito por especialistas da Arflor (Associação de Reposição Florestal do Vale do Caí, Unicamp e UFPB, constatou que numa área de 12.680 ha de plantações de eucalipto com um rendimento médio de 40 mst/ha/ano e um ciclo de corte de 6 anos, produzirão um total de 3,04 milhões de mst de madeira. Considerando a densidade básica média de 500 kg/mst e, que a madeira será utilizada com um teor de umidade médio de 18 %, resultando um total aproximado de 6,33 x 1012 Kcal.

Ao substituir o óleo combustível (BPS 1 A) que possui 10.000 Kcal/Kg, por essa madeira é evitado o consumo de 6,33 x 108 Kg de óleo combustível, que ao preço de R$ 0,51/Kg correspondem a um total de R$ 322.830.000,00. E em substituição à energia elétrica é evitado o consumo de 2,02 x 109 Kwh de energia elétrica, que correspondem a um total de recursos de R$ 283.750.000,00.

O custo médio do mst de lenha de eucalipto para o consumidor é de cerca de R$ 18,00, o que corresponde a um total médio de R$ 54.720 mil e portanto, os custos evitados com as substituições são em torno de R$ 268 mil e R$ 229 mil, para o óleo combustível e energia elétrica, respectivamente.

Segundo o engenheiro florestal Carlos Roberto de Lima, professor do DEF/ CSTR - UFPB, Campus VII, Patos - PB, o planejamento energético regional que considere a biomassa e a reposição florestal obrigatória possibilita reflexos benéficos para o meio ambiente e para a economia regional. Entre os benefícios ele cita: aumento da disponibilidade de madeira; a maior oferta força à redução dos custos; evitam-se os cortes da vegetação nativa; possibilita a geração de empregos e outros. Lima, que é concedeu as informações citadas acima.

Briquetagem

Existem diversas formas de aproveitar os resíduos da madeira, entre elas a briquetagem. A densificação do resíduo através do processo de briquetagem consiste na compactação a elevadas pressões, o que provoca a elevação da temperatura do processo da ordem de 100 ºC. O aumento da temperatura provocará a "plastificação" da lignina, substância que atua como elemento aglomerante das partículas de madeira. Isto justifica a não utilização de produtos aglomerantes (resinas, ceras, etc). Para que a aglomeração tenha sucesso, é necessária uma quantidade de água, compreendida de 8% a 15% e que o tamanho da partícula esteja entre 5 e 10 mm. O diâmetro ideal dos briquetes para queima em caldeiras, fornos e lareiras é de 70 mm a 100 mm, com comprimento de 250 a 400 mm. Outras dimensões (diâmetro de 28 a 65 mm) são usadas em estufas, fogões com alimentação automática, grelhas, churrasqueiras etc.

No equipamento do tipo Prensa Briquetadeira de Pistão, a compactação acontece por meio de golpes produzidos sobre os resíduos por um pistão acionado através de dois volantes. Do silo de armazenagem (aéreo ou subterrâneo) os resíduos são transferidos para um dosador e briquetados em seguida (forma cilíndrica). Na Briquetadeira por extrusão o produto é obtido com 5% de umidade, ou menos.

Quando a matéria prima é conduzida para a parte central do equipamento, chamada matriz, sofre intenso atrito e forte pressão, o que eleva a temperatura acima de 250 ºC, fluidificando-a. Posteriormente, o material é submetido a altas pressões, tornando-se mais compacto. No final do processo, o material é naturalmente resfriado, solidificando-se e resultando um briquete com elevada resistência mecânica. A lignina solidificada na superfície do briquete o torna também resistente à umidade natural.

Amazônia sustentável

Nas décadas de 80/90, reservas gigantescas de gás natural foram descobertas no Estado do Amazonas (Juruá e Urucu) que, entretanto, por não terem sido incorporadas ao modelo de produção energia, ainda não são exploradas com essa finalidade. A Amazônia convive, de um lado, com potenciais gigantescos de produção de energia elétrica que certamente precisam ser explorados com tecnologias que respeitem o meio ambiente e o povo amazônico, e, do outro, com índices de demanda reprimida, que impõem à sociedade limitações à sua sustentabilidade e desenvolvimento.

Lenha

A lenha é provavelmente o energético mais antigo usado pelo homem e continua tendo grande importância na matriz energética brasileira, participando com cerca de 10% da produção de energia primária. A lenha pode ser de origem nativa ou de reflorestamento. Ela chega a representar até 95% da fonte de energia países em desenvolvimento. Nos países industrializados, a contribuição da lenha chega a um máximo de 4%.

As novas tecnologias de conversão da lenha em combustíveis líquidos, sólidos e gasosos de alto valor agregado, têm, atualmente, grande interesse mundial e recebem importante quantia de recursos para suas pesquisas e desenvolvimentos. A combustão ou queima direta é a forma mais tradicional de uso da energia da lenha.

Cerca de 40% da lenha produzida no Brasil é transformada em carvão vegetal. O setor residencial é o que mais consome lenha (29%), depois do carvoejamento. Geralmente ela é destinada a cocção dos alimentos nas regiões rurais. Uma família de 8 pessoas necessita de aproximadamente 2 m3 de lenha por mês para preparar suas refeições. O setor industrial vem em seguida com cerca de 23% do consumo. As principais industriais consumidoras de lenha no país são alimentos e bebidas, cerâmicas e papel e celulose.

A substituição da lenha de mata nativa por lenha de reflorestamento vem crescendo a cada ano, sendo o eucalipto a principal árvore cultivada para este fim. Apresenta mais de 600 espécies, muitas delas foram desenvolvidas e adaptadas no Brasil, onde encontrou condições propícias para o seu rápido crescimento. As árvores de eucalipto podem ser cortadas a partir do sexto ano com produtividade extraordinária.

Na produção de lenha para fins comerciais, uma parte da árvore (troncos e galhos finos) é rejeitada constituindo os resíduos florestais. Além disso, as indústrias que usam a madeira para fins não energéticos, como as serrarias e as indústrias de móveis, produzem resíduos industriais como; pontas de toras, costaneiras e serragem em diferentes tamanhos de partículas e densidade, que podem ter aproveitamentos energéticos.

Fonte: Antonio Carlos Sarti-Unesp / Magda Adelaide Lombardo–Unesp

BIOMASSA - Energia Alternativa (Oportunidade de negócios no mercado interno e no comércio internacional)


PERSPECTIVAS DA DEMANDA MUNDIAL SOBRE A BIOMASSA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA

A biomassa tem uma participação importante no Balanço Energético Nacional do Brasil, o que historicamente é normal em paises pobres ou em desenvolvimento, entretanto, isso não ocorre nos paises industrializados do hemisfério norte, grandes consumidores de energia.

Com a preocupação atual sobre mudanças climáticas, existe uma busca importante sobre fontes de energia consideradas limpas, como a biomassa. Muitos países estão estudando a possibilidade de substituição de combustíveis fósseis por fontes de energias alternativas como a biomassa, considerada fonte de energia equilibrada com relação ao balanço de CO2 na atmosfera. Os paises desenvolvidos, grandes consumidores de energia, nem sempre possuem de boas condições de produção de biomassa, seja pelo clima ou pela superfície reduzida disponível para sua produção.

Assim como o Brasil busca capitalizar suas florestas plantadas e naturais manejadas de forma sustentável e suas culturas vegetais como da cana-de-açúcar, como forma de fixar o CO2, captando recursos do mercado internacional dos créditos de carbono, os paises industrializados tentam reduzir suas emissões de CO2 e suas despesas com pagamento dos créditos de carbono, frente aos compromissos assumidos em Kioto e África do Sul.

A siderurgia brasileira à carvão vegetal, vem sendo citada constantemente como exemplo de processo industrial ecologicamente favorável, o que é muito positivo para o Brasil. Por isso, a Comunidade Européia, através do financiamento de projetos de estudo e pesquisa, incentiva a substituição dos combustíveis fosseis na indústria. Uma das possibilidades consideradas de substituição é pela biomassa, não disponível na Europa no volume necessário. Uma das possíveis fontes de biomassa consideradas é a proveniente do Brasil. Neste aspecto, a possibilidade de aproveitamento dos nossos resíduos vegetais é uma perspectiva muito interessante.

Os resíduos compactados na forma de peletes ou briquetes estão sendo comercializados na Europa por aproximadamente mil reais a tonelada, enquanto no Brasil, por volta de duzentos reais a tonelada. Este trabalho lança a discussão sobre os impactos de uma possível demanda internacional sobre a biomassa brasileira para produção de energia limpa. Sobre o impacto no custo da lenha e do carvão vegetal utilizado na industria brasileira. Corremos o risco de importar coque mineral e exportar biomassa a custo de resíduo vegetal.

Estimativa de alguns resíduos vegetais do Brasil e produção anual.

Bagaço de cana-de-açucar (alcool e açúcar) = 84.3 milhões de toneladas
Casca de arroz = 10,0 milhões de toneladas
Resíduos da industria da madeira = 60,0 milhões de toneladas
Casca de côco = 0,5 milhões de toneladas
Resíduos da castanha de caju = 0.9 milhões de toneladas
Lenha de desmatamentos = 90.0 milhões de toneladas

TOTAL = 254,7 milhões de toneladas/ano

*Estima-se que um total aproximado de 2,0 milhões de toneladas/ano de resíduos de madeira na França sejam valorizados na forma de briquetes e peletes. (Fonte: ITEBE 2002).

*Energia à partir da biomassa, além de produzir uma energia considerada limpa, é mais barata, gerando de três a quatro vezes mais empregos que a energia hidráulica, do petróleo e do gás natural.

*Valorizar os residuos da biomassa tem um forte componente ambiental, econômico e social.

Fonte: Waldir Ferreira Quirino, Ibama

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Política de comércio exterior precisa de adequação diante da crise mundial


O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira, avaliou que a política de comércio exterior "não está adequada para uma competição internacional aberta, como é hoje. E muito menos numa fase de crise". Para ele, é preciso reorganizar a forma como se conduz essa política. Moreira disse que é preciso que política de produção seja mais voltada para a produtividade, além da adoção de novas políticas cambial e tributária.

"Você não pode fazer uma abertura imensa de inserção internacional com um sistema tributário louco, como é o brasileiro. É um sistema que induz à importação, à crise, induz à especulação externa no mercado financeiro brasileiro", criticou.

Segundo o presidente da AEB, o governo precisa reorganizar o sistema de financiamento à exportação, considerado por ele inadequado no momento. "E, sobretudo, reorganizar o sistema de infra-estrutura no Brasil. Esse é caótico".

Um exemplo citado por ele é o setor portuário, que, na sua opinião, deveria ter a administração privatizada, para ser mais dinâmico. "O Brasil precisa reduzir custo e tempo. Portos são estratégicos porque 95% das exportações saem de lá. Um país que exporta commodities, sobretudo a granel, tem que ter portos adequados. Se nós não fizermos isso, vamos pagar um alto preço", advertiu Moreira.

Ele analisou que a crise ainda não está afetando as exportações e que os mercados estrangeiros devem "arriar" nos próximos meses, com essa situação se mantendo, eventualmente, se manter até 2009. Mas ele admite que haverá algum impacto. "Você tem uma demanda interna desses países recessiva. Ou, pelo menos, limitada, que afeta o Brasil. Bobagem dizer que não vai afetar. Esperamos que não afete demais."

Os preços médios das commodities, segundo o presidente da AEB, estão sofrendo efeitos da crise, mas ainda se mantêm em um patamar considerado muito bom para o Brasil. Ele não acredita que haverá uma redução drástica de preços "porque todo mundo precisa de commodities, sejam alimentícias, sejam matérias-primas".

Fonte: Agência Brasil, Alana Gandra

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

SISTEMA RADAR - O que é a habilitação para operar no Comércio Exterior?



Também conhecida como habilitação (ou senha) no Radar, a habilitação para utilizar o Siscomex consiste no exame prévio daqueles que pretendem realizar operações de comércio exterior. Toda pessoa física ou jurídica, antes de iniciar suas operações de comércio exterior deve comparecer a uma unidade da Receita Federal para obter sua habilitação. Atualmente, a legislação que trata da habilitação de importadores e exportadores está disciplinada pela Instrução Normativa SRF nº 650, de 12 de maio de 2006 e pelo Ato Declaratório Executivo Coana nº 3, de 1º de junho de 2006.


Quais as modalidades de habilitação existentes atualmente e a quem se destinam?


Basicamente existem 4 modalidades: 
ordinária, 
simplificada, 
especial e 
restrita. 
Elas variam de acordo com o tipo e a operação do interveniente, conforme resumido a seguir:


1. Habilitação ordinária: 
destinada à pessoa jurídica que atue habitualmente no comércio exterior. Nesta modalidade, a empresa está sujeita ao acompanhamento da Receita Federal com base na análise prévia da sua capacidade econômica e financeira.


OBS 1: A habilitação ordinária é a modalidade mais completa de habilitação, permitindo aos operadores realizar qualquer tipo de operação. Quando o volume de suas operações for incompatível com a capacidade econômica e financeira evidenciada, a empresa estará sujeita a procedimento especial de fiscalização previsto na Instrução Normativa SRF nº 206 e na Instrução Normativa SRF nº 228, ambas de 2002.


2. Habilitação simplificada:
para as pessoas físicas, as empresas públicas ou sociedades de economia mista, as entidades sem fins lucrativos e, também, para as pessoas jurídicas que se enquadrem nas seguintes situações:


a) Obrigadas a apresentar, mensalmente, a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), conforme estabelecido no art. 3º da Instrução Normativa SRF nº 583/05;


b) Constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto, bem como suas subsidiárias integrais;


c) Habilitadas a utilizar o Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul);


d) Que atuem exclusivamente como pessoa jurídica encomendante;


e) Que realizem apenas importações de bens destinados à incorporação ao seu ativo permanente;


f) Que atuem no comércio exterior em valor de pequena monta, conforme definido no art; 2o, §§ 2o e 3o , da própria IN SRF nº 650/06, também incluído nessa modalidade o importador por conta e ordem de terceiros.


OBS 2: Considera-se valor de pequena monta, a realização de operações de comércio exterior com cobertura cambial, em cada período consecutivo de seis meses, até os seguintes limites:


I - cento e cinqüenta mil dólares norte-americanos ou o equivalente em outra moeda para as exportações FOB ("Free on Board"); e


II - cento e cinqüenta mil dólares norte-americanos ou o equivalente em outra moeda para as importações CIF ("Cost, Insurance and Freight").


OBS 3: Os limites para operação de pequena monta não incluem: as internações da Zona Franca de Manaus; as operações sem cobertura cambial e as operações por conta e ordem de terceiros.


OBS 4: Na modalidade simplificada não é efetuada nenhuma análise da capacidade econômica e financeira da pessoa física ou jurídica, pois a Receita Federal efetua um monitoramento constante dessas operações. As empresas (entidades ou pessoas físicas) habilitadas na modalidade simplificada, de modo geral, não estão sujeitas a estimativas ou limites de valor para suas operações, exceto na modalidade simplificada para operações de pequena monta (item 2.7). Esse limite consiste em requisito para permanência na modalidade e não pode ser ultrapassado em hipótese alguma.


3. Habilitação especial:
destinada aos órgãos da administração pública direta, autarquia e fundação pública, órgão público autônomo, e organismos internacionais;


4. Habilitação restrita:
para pessoa física ou jurídica que tenha operado anteriormente no comércio exterior, exclusivamente para realização de consulta ou retificação de declaração.


OBS 5: A escolha da modalidade de habilitação mais apropriada a cada empresa é livre e de sua inteira responsabilidade. Ao optar pela modalidade simplificada para operações de pequena monta, o contribuinte fica desonerado de apresentar uma série de documentos, além de ter o seu pedido analisado em, no máximo, dez dias. Em contrapartida, submete-se às restrições daquela modalidade.


Fonte: MF/SRFB

Informe-se:
E-mail: laercio1958@hotmail.com 
+55 (18) 8144-2231