quarta-feira, 2 de março de 2011

RECURSOS HUMANOS (Desemprego) - Ética e Cidadania


Algumas situações da vida nos levam a pensar em crenças, valores e a tomar (ou não) novos rumos. Situações limites, que nos fazem rever: Quem somos, porque estamos aqui, qual a nossa missão?

Particularmente, penso que o desemprego (ou "estar no mercado") faz parte da lista destas situações. Considerado um dos maiores agentes causadores de estresse, pode ocorrer a qualquer indivíduo sadio e em plena atividade profissional. Normalmente, costuma acometer suas vítimas no início de uma sexta-feira à tarde, não perdoa (algumas vezes) sequer as festas natalinas ou a Páscoa. Pode causar uma tremenda sensação de solidão, de incapacidade, de incompetência e de impotência.
Após o impacto inicial, surgem as dúvidas de como gerir os escassos recursos, como otimizar o tempo disponível de forma a conseguir uma nova colocação. Neste momento, tudo que foi visto sobre empregabilidade pode ser de grande utilidade, ou simplesmente causar um pânico, por não se sentir capaz de administrar a própria carreira. Além disso, há de decidir se contrata uma empresa de recolocação, se cadastra currículos em meios pagos na Internet ou se madruga em peregrinação pelas agências de emprego (ou a somatória de tudo isso).
Revistas publicam estatísticas com a média do período de desemprego individual, em sua maioria não menos de quatro meses. Novamente dúvidas, insegurança ...



Desta forma, como pensar em Qualidade de Vida, quando a vontade que se tem é a de não tirar o pijama? Porém, a Qualidade de Vida independe da situação financeira e deve fazer parte do dia-a-dia do indivíduo. É salutar que se procure ter uma alimentação regrada (mesmo que simples), que se pratique algum esporte, que se tenha lazer (ir ao shopping ver gente diferente, lojas e tomar um cafezinho – não custa muito), que se faça programas com a família.
Não existe uma única alternativa para resolver tais questões, mas o profissional de Recursos Humanos como integrante da sociedade, deve estar a par desta situação que o mercado vive. Até mesmo para entender quando o "candidato" parece apreensivo, ansioso pela vaga, assim o RH poderá conduzir o processo seletivo com tranqüilidade, tentando deixar o candidato à vontade.
A questão do "desemprego", bem como a "pobreza" não é um mal exclusivo a uma pequena camada da sociedade representada por um percentual, do qual quem está fora sente-se imune. A sociedade precisa mobilizar-se para atuar ativamente em prol da recuperação da cidadania e dos direitos de todos os indivíduos que a compõem. De nada vai adiantar meia dúzia deter o poder e as riquezas do país, ou do mundo, e a grande maioria continuar padecendo, sem haver quem olhe por ela. Se o Estado omite-se, mesmo que não intencionalmente e as entidades privadas auxiliam quem lhes é conveniente, de acordo com o retorno que este "marketing" vai lhe trazer, uma parcela da sociedade fica relegada à própria sorte.



Assim, cabe a cada um de nós, mobilizar-se para encontrar soluções para a questão do desemprego e da pobreza, que são também globalizados. Atuar neste sentido é ser ético, deixar de lado o próprio “umbigo” e lembrar que não somos "uma ilha", que não encerramos nossa existência em nós próprios, mas fazemos parte de algo maior.
O desemprego por si só já é algo complexo, estressante, mas nos dias atuais parece estar intensificado, principalmente quando olhamos nossos vizinhos de fronteira.
Apesar de tudo que se falou sobre empregabilidade, a maioria da sociedade ainda não está preparada para esta nova realidade, para se tornar empreendedor, administrador da própria carreira. Além disso, é necessário que haja um fundo de reserva para o momento de transição e nem sempre ele existe.



Você deve estar se questionando: “O que isso tem a ver com o Recursos Humanos?” Tem tudo a ver! não apenas como um departamento que deve focar o Ser Humano, seus colaboradores, mas a sociedade como um todo. Não dá para fechar os olhos para a realidade que atravessamos. Desta forma, o RH deve aliar medidas que possam minimizar a insegurança de quem vai estar entrando no mercado de “empregáveis”.
Algumas empresas têm adotado medidas bastante salutares, disponibilizando pacotes de recolocação profissional aos seus ex-colaboradores, incluindo-se um aumento às verbas rescisórias, manutenção por alguns meses dos planos de saúde, etc.
Há alguns anos atrás, podia-se contar com o “vale-transporte”, em uma atitude positiva das entidades governamentais. Infelizmente, no momento não há esta ajuda, que era útil tanto para o funcionário considerado “chão-de-fábrica”, quanto para o “executivo” que podia economizar despesas de gasolina.



O RH pode participar na mobilização de seus colaboradores para uma nova visão social, incluindo-se a preparação para se tornar empregável, para sobreviver em tempos de crise, incentivar o “network”, cursos de atualização em áreas específicas do saber, e, também, de conhecimentos gerais.
Através de informativos internos, de painéis, “times”, mostrar que o mundo passa por transformações, que estas atingem os indivíduos da sociedade, e que podem trazer novas possibilidades, seja com um emprego fixo, temporário, consultor, prestador de serviço, etc. Todos os recursos disponibilizados nesta fase de transição fazem parte de uma nova visão do ser humano, uma visão holística. Apesar de ser um paliativo, é de grande valia em um momento tão delicado.




Na realidade, a sociedade como um todo, deve preparar-se para ajudar quem está no mercado. Não com um olhar crítico ou de piedade, mas com uma vontade real de ajudar o indivíduo, implementar as redes de relacionamentos, procurar saber como a pessoa está se sentindo, se precisa de alguma ajuda, etc. Muitas vezes, uma palavra amiga ajuda a dar uma guinada e a sair dos momentos de crise, da fase depressiva que o desemprego geral.




Apesar do desemprego ser uma fase delicada, estressante, deve ter-se em mente que é apenas uma "fase", e assim, vai passar. A vida retoma seu ritmo, como o rio busca o mar ... E quando se encontram, a bonança das novas águas é tão abundante, que qualquer mágoa ou ressentimento é logo deixado para trás. Percebe-se que o que importa realmente na vida é fazer parte do processo, que viver é um risco, um jogo, mas que é muito prazeroso. Quando a tempestade passa, percebemos que saímos amadurecidos, que o crescimento pessoal, mesmo doloroso, valeu a pena. Atravessamos o arco-íris e encontramos o "pote de ouro" do outro lado e acabamos por descobrir que ele sempre esteve dentro da gente, aparecendo e escondendo seu brilho, mas sempre instigando sua busca.

Fonte: http://www.rh.com.br/Maria do Carmo Ferreira Lima

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