segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Internacionalização das empresas brasileiras


Com o objetivo de promover e estimular o processo de internacionalização das empresas brasileiras, o Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores criou uma estrutura de apoio inteiramente dedicada a empresários que desejam alçar voos mais longos e duradouros no mercado internacional, assim como a pesquisadores e estudantes interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre o tema.

O atual processo de internacionalização que o Brasil vive é de extrema importância para seu desenvolvimento e representa marco inédito na história econômica nacional, denotando transformações estruturais na economia mundial e no padrão de desenvolvimento do País. Diante desse contexto, cabe ao Governo, em parceria com a iniciativa privada, elaborar estratégias que permitam transformar oportunidades em benefícios efetivos para o País, para as empresas e para a população em geral, o que deve começar por ampla divulgação de informações sobre a realidade que se consolida.
Construído com o apoio de diversos órgãos do Governo Federal, o espaço de apoio tem a pretensão de reunir conteúdos relacionados à internacionalização das empresas brasileiras, apresentar políticas públicas e mecanismos de apoio ao processo, indicar guias e manuais sobre como investir nos mais diversos países do globo, informar dados de investimentos diretos externos e consolidar a produção científica e acadêmica sobre o tema, bem como destacar outros aspectos relevantes ao caminho rumo à internacionalização.
Parceiros dos diferentes órgãos do Governo e representantes da iniciativa privada, interessados no tema da internacionalização, foram convidados a apresentar estudos ou publicações para inclusão no espaço de apoio. 

Panorama geral da internacionalização de empresas




O Brasil assiste, neste início de século, a uma notável expansão de seus investimentos em outros mercados, que tende a se acentuar nas próximas décadas. País tradicionalmente receptor de capital estrangeiro, o Brasil passou a figurar entre os 20 principais países investidores, em termos de estoque de investimentos nacionais no exterior, e, em 2006, pela primeira vez, o fluxo de investimentos brasileiros no exterior superou os investimentos estrangeiros no Brasil.
Em paralelo à expansão sem precedentes do volume do Investimento Brasileiro Direto (IBD), verificam-se importantes alterações nas suas características, tanto em termos de número e setores de atuação, quanto em relação à dimensão das empresas brasileiras investidoras, cada vez mais diversificadas.
Além de refletir maior competitividade e integração dos mercados internacionais, o crescimento do IBD está fortemente relacionado ao estado de desenvolvimento do País, à maturidade das empresas brasileiras e à sua capacidade de adquirir vantagens competitivas em nível regional e mundial.
Hoje, resta comprovado que o processo de internacionalização traz significativos benefícios para a empresa investidora e que, ao conjugar interesses privados e públicos, tem em sua expansão um fenômeno desejável para o País. Em termos econômicos, aumenta-se o acesso da economia nacional a novas tecnologias, fortalecem-se as operações das empresas brasileiras no mercado doméstico e geram-se spillovers positivos em outros setores da indústria.
A internacionalização permite às empresas captar novas tecnologias; acessar recursos naturais e novos mercados para se beneficiar das economias de escala; reduzir o risco do negócio por meio da diversificação de mercados fornecedores e consumidores; adquirir e desenvolver novas competências de maneira a obter maior conhecimento das necessidades dos consumidores internacionais; acessar capital de menor custo; explorar a competitividade em custos e diferenciação de produtos; estar mais próximo do cliente final; proteger-se contra taxas de câmbio desfavoráveis; contornar restrições estabelecidas por barreiras tarifárias e não-tarifárias; e dispor de fontes diversificadas de financiamento para reinvestir na produção e na inovação, entre outros. A pressão da concorrência global, a saturação ou as baixas taxas de crescimento no mercado doméstico e as políticas governamentais também são exemplos de fatores que influenciam nas decisões para a expansão internacional de uma empresa.
Estudos revelam que empresas que investem no exterior são maiores e mais produtivas. A mão-de-obra é mais bem remunerada e o tempo de permanência dos trabalhadores no emprego é maior.
De acordo com recentes pesquisas, os modos de entrada em novos países utilizados por empresários brasileiros priorizam estratégias de exportação, seguidas por alianças e parcerias, aquisições, investimentos greenfield – novas plantas, onde não havia estrutura nem produção prévia –, joint ventures e fusões, respectivamente, com a ressalva de que as estratégias podem ser combinadas.
Na qualidade de entrantes tardias no processo de internacionalização, as empresas brasileiras devem explorar suas singularidades e criatividade, bem como aquelas do nosso País, para avaliar a melhor forma de inserção nos diferentes mercados. As exportações, apesar de muitas vezes indicarem o primeiro passo no caminho da internacionalização, não são condição prévia ou indispensável para outras modalidades de inserção.
Na medida em que o Investimento Direto Externo (IDE) contribui para o aumento de competitividade, os Países em Desenvolvimento (PEDs) devem estimular o processo de internacionalização, criando condições de competitividade para que suas empresas alcem voos mais longos e duradouros no mercado internacional. O desafio para o Governo brasileiro reside, pois, em elaborar estratégias, em parceria com a iniciativa privada, que permitam transformar oportunidades em benefícios efetivos para o País, para as empresas e para a população em geral.
Diante do amplo espectro de possibilidades para a inserção internacional de uma empresa, é importante destacar que o presente sítio eletrônico dedicar-se-á exclusivamente aos Investimentos Diretos Externos, os quais contemplam modalidades de alianças e parcerias, fusões e aquisições, investimentos greenfieldjoint ventures e a abertura de escritórios de representação comercial no exterior. As exportações, principal modo de entrada das empresas brasileiras em outros países, continuarão a ser tratadas em áreas especificas da BTN.


A participação dos países em desenvolvimento nos fluxos de IDE

Nas últimas duas décadas, o IDE tem-se intensificado com surpreendente velocidade em todo o mundo. De um total de US$ 485 bilhões em 1997, o fluxo mundial de IDE atingiu a cifra de US$ 1,98 trilhão em 2007, superando o crescimento da economia e do comércio globais,
Mudanças estruturais, como a liberalização do mercado financeiro internacional e a revolução dos meios de transporte e de comunicação são fatores que impulsionaram a globalização do capital produtivo e refletiram a crescente importância do processo de internacionalização da produção na economia globalizada.
Tradicionais receptores de IDE, os PEDs elevam sua participação na emissão de investimentos globais desde os anos 80. Se, em 1990, foram responsáveis por apenas 5% do fluxo total de IDE, em 2008 a cifra já alcançava 16%, e segue em expansão. (UNCTAD, 2009).
Ademais do crescimento do volume de IDEs provenientes de PEDs, também cresce de forma significativa a quantidade de PEDs engajados no processo de internacionalização produtiva. De 6 países com estoque de emissão de IDE superior a US$ 5 bilhões em 1990, eles já eram 24 em 2005. (UNCTAD, 2006).
Verifica-se, também, progressiva expansão dos investimentos Sul-Sul, entre PEDs, em sua maioria de natureza intra-regional.  Os IDEs intra-regionais na América Latina representam o segundo fluxo mais volumoso, atrás do Leste e do Sudeste Asiático, e são promovidos, essencialmente, por investidores do Brasil, do México e da Argentina. Os investimentos inter-regionais entre PEDs, a seu turno, destacam-se pelo fluxo da Ásia para África e, de forma crescente, do Brasil para a África.


O processo de internacionalização das empresas brasileiras

Desde a década de 90, o Brasil observa uma expansão sem precedentes dos IBDs, com a consolidação de grandes transnacionais brasileiras e novos investimentos por parte das médias e pequenas empresas. No espaço latino-americano, o País assumiu, em conjunto com o México, posição de protagonista no processo de internacionalização de empresas, tendo seus investimentos produtivos no exterior atingido valor total de US$ 20 bilhões em 2008.
Muito além da inédita expansão do volume dos IBDs, importantes modificações vêm ocorrendo em termos de dimensão, setor de atuação e número de empresas brasileiras investidoras, o que tem levado diferentes autores a falar em fases ou em etapas no processo de internacionalização do capital produtivo brasileiro.
Em um primeiro momento, os IBDs concentraram-se no setor petrolífero, nas instituições financeiras e na indústria de construção, em processo restrito a grandes empresas. Na etapa seguinte, houve maior participação de empresas com faturamento inferior a R$ 500 milhões. Aumentou o número de subsidiárias produtivas no exterior, bem como a participação da América do Sul como destino dos investimentos. Petróleo, construção e finanças continuaram os setores mais ativos.
Dos anos 90 em diante, com as reformas econômicas que induziram à abertura, à desregulamentação e à privatização no Brasil, teve início profunda reestruturação da indústria nacional, obrigada a renovar-se e a promover a internacionalização produtiva para sobreviver à competitividade. No entanto, turbulências financeiras e a crise cambial brasileira de 1999 mantiveram os níveis de IBD baixos.
Apenas no começo do novo século teve início o acelerado crescimento dos IBDs. A valorização do real, a liquidez nos mercados financeiros internacionais, o aprimoramento do mercado doméstico de capitais e os altos preços das commodities permitiram um cenário favorável à internacionalização que prossegue de forma sólida, mesmo apesar das crises dos últimos anos. Hoje, as transnacionais brasileiras estão presentes em mais de 80 países.
O atual processo de internacionalização que o Brasil vive é de extrema importância para seu desenvolvimento e representa marco inédito na história econômica nacional, denotando transformações estruturais na economia mundial e no padrão de desenvolvimento do País.

Questões conceituais




Diante do amplo espectro de possibilidades para a inserção internacional de uma empresa, é importante destacar que o presente sítio eletrônico dedicar-se-á exclusivamente aos Investimentos Diretos Externos (IDE), os quais contemplam modalidades de alianças e parcerias, fusões e aquisições, investimentos greenfield, joint ventures e a abertura de escritórios de representação comercial no exterior. As exportações, principal modo de entrada das empresas brasileiras em outros países, continuarão sendo tratadas em campos do sítio eletrônico da BTN dedicados ao tema.
Tendo em conta que o processo de internacionalização das empresas brasileiras é relativamente novo e que envolve grande diversidade de termos e de abreviações, muitas vezes desconhecidas do empresário ou do pesquisador brasileiro, é de fundamental importância que alguns conceitos relacionados ao tema sejam esclarecidos o máximo possível, facilitando a compreensão do conteúdo e evitando entendimentos equivocados sobre o tema.


O conceito de internacionalização de empresas

Falta, na literatura especializada, consenso sobre o conceito de internacionalização de empresas. Definições amplas tendem a abarcar o processo tanto em nível nacional – abrangendo, portanto, as exportações -, como internacional, de modo a compreender todas as ações por meio das quais uma empresa passa a envolver-se em operações internacionais.
Neste espaço, adotar-se-á uma definição mais restritiva de internacionalização, em que são considerados apenas os Investimentos Diretos Externos. Nesse sentido, serão contempladas as modalidades de alianças e parcerias, fusões e aquisições, investimentosgreenfield, joint ventures e abertura de escritórios de representação comercial no exterior.
São vários os motivos que levam empresas a optar pela internacionalização. De acordo com pesquisas, a internacionalização pode decorrer da evolução da capacidade de exportação, da busca por competitividade tecnológica, ou refletir conseqüência da capacidade de agregar parceiros, das vantagens competitivas no mercado ou da própria exposição internacional. Em comum, entre todas as estratégias, existe a concepção de internacionalização como presença efetiva no exterior.


Investimento direto externo (IDE)

Entende-se como o investimento feito por empresas nacionais em ativos estrangeiros de longo prazo, abarcando modalidades que variam de aquisições a investimentos greenfield.Não são contemplados, portanto, os investimentos em ações, tampouco as exportações. Os investimentos externos brasileiros costumam ser chamados IBDs.


Investimento greenfield

Investimentos que envolvem projetos sem estrutura física prévia. Nesses casos, o investidor injeta seus recursos na construção da estrutura necessária para a operação, não utilizando, por conseguinte, instalação ou marca de empresa já existente no mercado receptor dos recursos.


Investimento brownfield

Oposto de investimento greenfield. Ocorre quando os recursos são destinados à aquisição de estrutura pré-existente.


Joint Venture

Refere-se à aliança entre duas ou mais empresas, com o fim de compartilharem riscos e lucros de determinado empreendimento. No que refere à internacionalização, o termo designa associação entre empresa nacional e estrangeira com intuito de realizarem investimento comum.


Multinacional e Transnacional

Ambos os termos são considerados sinônimos por muitos autores. Para parte significativa da literatura, contudo, transnacional refere-se a empresa com presença em diversos países, porém com capital de um único país. Multinacional seria a empresa que, na formação de seu capital inicial, contou com a participação de investimentos oriundos de pelo menos dois países.


Fusão e Aquisição

Entende-se por fusão a junção de duas os mais empresas, que unem seu capital, estrutura e marketshare para formar nova companhia – ainda que, muitas vezes, mantenham-se as marcas existentes. Aquisição, por sua vez, refere-se à obtenção da propriedade e do controle por uma empresa, no todo ou em parte, de outra empresa ou entidade comercial, não pressupondo, portanto, união entre empresas.


Abertura de escritório comercial

Em uma cadeia que evolui da exportação à instalação em país estrangeiro, a abertura de escritório comercial enquadrar-se-ia como medida intermediária, prévia a, por exemplo, investimentos greenfield ou aquisições. A opção pelo escritório comercial ocorre, geralmente, como conseqüência do aumento das exportações para determinado país.

Fontes de informações técnicas
As empresas interessadas em readequar sua estrutura interna para ingressar no mercado internacional ou mesmo para aumentar a sua participação no comércio exterior em vista do aumento de produção e disponibilidade de parte dos produtos para venda no exterior, primeiramente deve iniciar o trabalho de conscientização das necessidades de obtenção dos conhecimentos técnicos e da adaptação de sua estrutura interna para a atuação no mercado externo. A sugestão para os primeiros passos seria contar com a orientação de um consultor técnico em comércio exterior para colaborar com o trabalho de planejamento, desenvolvimento e prospecção de mercado. Procure um profissional da sua confiança.

Fonte: MRE/MDIC/Secex 

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