quinta-feira, 28 de outubro de 2010

COMÉRCIO EXTERIOR : A falta de competitividade das empresas exportadoras brasileiras

Muito se fala a respeito dos métodos que podem ser usados para aumentar o volume das exportações brasileiras e dos métodos sobre como isto pode ser feito...

Muito se fala a respeito dos métodos que podem ser usados para aumentar o volume das exportações brasileiras e dos métodos sobre como isto pode ser feito.

Muito se reclama do famoso gargalo logístico e da falta de incentivos do governo à exportação.

Mas será que melhorando o gargalo logístico e aumentando os incentivos às empresas exportadoras teremos a garantia que as empresas brasileiras tornarão mais competitivas no mercado internacional?

Minha resposta é não.

A mentalidade de muitas empresas exportadoras ainda é de comodismo. Ou seja, querem exportar os produtos mas não querem ter trabalho algum por isso.

Não é por acaso que até hoje a nossa principal pauta de exportações são os produtos agrícolas e minerais. Ou seja, o país consegue exportar principalmente o que não existe em grande quantidade no exterior e depende enormemente da demanda mundial por produtos agrícolas e minerais para obter um saldo positivo na balança comercial. Vamos dar alguns exemplos:

Minério de ferro: se não fosse pela atual demanda chinesa e pelo crescimento econômico da China, as grandes mineradoras nunca iriam conseguir exportar o volume de minério de ferro que atualmente estão exportando. O Brasil possui uma vantagem competitiva natural (reservas minerais de boa qualidade e em grande quantidade).

Café, soja e outros produtos agrícolas: a mesma coisa. Se a demanda mundial aumenta as empresas exportam mais e se a demanda mundial cai elas exportam menos. Normalmente não existe esforço em desenvolver novos mercados, conquistar novos clientes e gerar novos negócios a médio e longo prazos. Tudo depende da demanda mundial por estes produtos.

O Brasil exporta a soja, a China esmaga o grão e industrializa o óleo, o Brasil exporta o café e os outros países torram o café e fazem a bebida, sendo que os Suíços possuem a maior rede de coffee shop do mundo, o Brasil vende o cacau e os Suíços vendem o chocolate pronto, o Brasil exporta o minério de ferro e os outros países industrializam o aço.

O Brasil vende em sua grande maioria, produtos de baixo valor agregado e compra produtos de alto valor agregado.

Se a demanda mundial por produtos agrícolas e minerais aumenta temos o superávit da balança comercial, se a demanda mundial por produtos agrícolas e minerais cai, então entramos em déficit.

Em alguns países do mundo a participação das pequenas e médias empresas na exportação é muito grande. Aqui no Brasil temos algumas poucas e grandes empresas que são responsáveis por quase todo o volume de produtos exportados.

As empresas brasileiras precisam aprender a vender. Vamos dar um exemplo:

Se você deseja comprar um produto chinês ou sul-coreano, você entra em contato com o fornecedor e este te envia imediatamente informações, catálogos, amostras, listas de preços CFR/ CIF e te oferecem preços competitivos.

Por outro lado aqui no Brasil para um comprador estrangeiro conseguir a resposta de um fornecedor brasileiro, o cliente no exterior normalmente vai precisar aguardar alguns dias para obter a primeira resposta, depois provavelmente deve receber uma cotação de preços FOB, porque aqui no Brasil é muito raro alguém vender o produto com frete e seguro incluídos, depois deverá aguardar mais algum tempo para receber catálogos e amostras, porque as empresas normalmente não possuem condições de providenciar tudo isso de imediato.

Outro exemplo foi um exportador de café que perdeu vários clientes, porque tinha preconceito em negociar com empresas do Oriente Médio, porque não aceitava negociar preços, porque não queria enviar amostras de café para os clientes fazerem a avaliação da qualidade da bebida e porque que não estava preparado para fornecer cotações de preços com o adicional do frete no mercado internacional.

Se pensarmos quais são os principais exportadores de tecnologia e de produtos com alto valor agregado e quais são os exportadores mais competitivos no mercado internacional, vamos perceber que são em sua grande maioria, as filiais de grandes empresas estrangeiras que estão instaladas aqui no Brasil.

Normalmente não são empresas genuinamente brasileiras. A maioria das empresas genuinamente brasileiras estão exportando o que o país exporta de melhor desde a época do império português: produtos agrícolas e minerais.

Ainda bem que o Brasil é um país grande e abençoado com grande diversidade de recursos naturais e minerais.

A conclusão que chego é que temos que mudar este quadro e tornar as empresas brasileiras mais competitivas no mercado internacional. Espero que em breve consigamos fazer isso.
Fonte: Henrique Mascarenhas - http://www.htmlstaff.org/



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Saudações! Registre o seu comentário, será analisado pelo administrador e publicada resposta.
Obrigado!