quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ENERGIAS RENOVÁVEIS PARA UM PLANETA MELHOR (Meio Ambiente, Mercado Interno e Comércio Internacional)

Em 2010, mais da metade da população mundial, projetada para algo em torno de 6,9 bilhões de pessoas, viverá em cidades.

Em poucos anos, teremos mais de dez megacidades com mais de dez milhões de habitantes (pela ordem: Tókio, Bombaim, Nova Deli, Cidade do México, São Paulo, Neva Iorque, Dacar, Jacarta e Lagos). Especialmente na América Latina e na Ásia serão megacidades.

Há consenso quanto à urgência na ampliação da área verde e da floresta urbana como essenciais para as cidades, tendo como efeito direto a ampliação da geração de resíduos. Para atacar este problema, apresenta como política a aplicação dos 4Rs – Reduzir, Reciclar, Reutilizar e Retardar. Além disso, apresenta as possibilidades de aplicação dos conhecimentos tradicionais da população alojada nas periferias da cidade como forma de reutilizar a fitomassa, reintroduzindo-a no sistema urbano circular.

A humanidade não é uniforme. É um flagrante exemplo de desnivelamento de riqueza, de assimetrias culturais, de diversidade nas percepções da natureza e do mundo, assim como uma aberrante construção de desconexões. E as cidades são reflexos da sociedade humana. As cidades guardam a “capacidade de embrutecer e de refinar” (ROGERS, 2008). A dialética entre os opostos pode conduzir ao agravamento das dicotomias, mas também é onde estão as melhores oportunidades para avançar ao inexplorado, àquilo não-percebido, ampliando o processo de consciência da presença e dos efeitos que a humanidade imprime sobre a totalidade da Terra em curto espaço de tempo mas com intensa capacidade de impacto.

Perceber a vegetação, reconhecer as funções já consagradas e explorar as novas possibilidades que enseja no ambiente urbano, é uma das propostas que se coloca num momento histórico em que a humanidade precisa repensar suas estratégias de existência (e não de sobrevivência), abandonando a visão estritamente utilitarista para assumir as possibilidades criativas e renovadoras nas interfaces entre cidade, natureza e cultura.

Para viver em cidades, o ser humano necessita de água, espaço, energia, abrigo e fruição. Mas também necessita de áreas para despejo de resíduos, nem sempre disponíveis ou obtidos dentro do próprio socioecossistema. Desta forma, ao mesmo tempo em que coloca sob estresse suas fontes de espaço, água, ar, vegetação e sonho, tem a capacidade de satisfazer suas necessidades ao se valer de sua competência para criar soluções técnico-culturais. Essa característica diferencia o socioecossistema urbano criado, uma vez que sua atividade cultural moldará estruturas sociais, políticas, econômicas, estéticas, de transporte, moradia, comunicações e tantas outras, tornando-o típico dos seres humanos e influindo muito além de seus limites físicos.

O processo de formação da cidade, desde seus primórdios, é indissociável das áreas naturais. O ambiente hostil que abrigara as primeiras aglomerações cede espaço para a estruturação de dois grupos sociais: um que produz o excedente e outro que assume fazeres suportados por aquele. Complementam-se e subordinam-se. No espaço natural organiza-se a atividade agrícola, conquistando áreas mais amplas próximas a rios, transportando mercadorias para o espaço edificado da cidade. Atraídas pelas trocas, as informações fluem. O poder encontra uma sede. A revolução está na aceleração dos processos, na otimização dos recursos e nas trocas entre diferentes.

As cidades, dominadas pela poluição gerada com a queima de combustíveis fósseis para o aquecimento ou resfriamento e para a movimentação das máquinas, tornam-se ambientes vistos e interpretados como impróprios para a vida, contrapondo ao que se interpreta do campo como ambiente ideal para a se viver. Dessa contraposição estética, filosófica e também religiosa, desenvolve-se a idéia de que melhores condições sanitárias estão associadas à presença de árvores e de espaços onde elas possam ser plantadas, cultivadas e preservadas, envidando todos os esforços para ampliar a longevidade do conjunto dos indivíduos e não apenas daquelas reconhecidas como as mais velhas.

É patente que há consenso quanto à necessidade de ampliar a oferta e qualificação de espaços verdes, quer por implantação de novos, quer por renovação, por reutilização de espaços urbanos degradados por outras atividades típicas da cidade industrial ou pelo desenvolvimento de novas tecnologias de implantação de áreas vegetadas em locais onde hoje as possibilidades ainda são experimentais ou remotas. A Tabela 1 expõe tipologias de espaços verdes concebidos a partir de uma combinação matricial de fatores físicos, sociais, ambientais e econômicos que apontam para um socioecossistema sustentável, conforme defende Falcón (2007).

Na verdade, o que se está pressupondo é que o agravamento das condições climáticas em nível global exigirá mecanismos mais ágeis e participativos. A cada micro-clima cria-se uma cultura de cuidar, de proteger, de perenizar as árvores, especialmente aquelas inseridas na malha urbana ou por ela incorporadas. A presença das árvores e seu forte apelo simbólico fortalece os vínculos culturais e provocam uma ampliação do sentido de cidadania que não é exclusividade do componente humano,
mas também reside na interface entre as formas de vida animal e vegetal co-habitando e co-significando o mesmo meio ambiente.

A reciclagem e o reuso possibilitam organizar uma cadeia de atividades potencialmente geradoras de benefícios sociais e ambientais. Produzir novos produtos derivados da reutilização dos resíduos é poupar recursos não-renováveis e diminuir a pressão sobre os recursos naturais escassos. Adotar a reciclagem significa, acima de tudo, um incentivo à percepção diferenciada das nossas relações com a natureza, permitindo ampliar a questão e desenvolver comportamento mais adequado, mais amigáveis, que combatem o desperdício (SCARLATO & PONTIN, 1992, p. 58).

Somente os vegetais clorofilados são capazes de transformar a energia solar em biomassa. Através da fotossíntese, dentro dos estômatos, reúnem condições para as reações químicas entre água, nutrientes e dióxido de carbono (CO2) com a energia solar, transformando-os em glicose e oxigênio (O2). A glicose é metabolizada e transformada em celulose, substância que dá a estrutura da planta e O2 é a molécula liberada. "Como este é o processo de nutrição orgânica da maior parte da massa vegetal do mundo, e como dessa massa dependem, primária ou secundariamente, todos os animais, inclusive o homem, podemos aquilatar a importância desse processo para a vida em nosso planeta" (COUTINHO, 1974, p.64).

No processo, também perde uma pequena parte do CO2 para a atmosfera que, em pequenas quantidades, é o responsável principal pelo efeito estufa - natural - que mantém as temperaturas do planeta suficientemente estáveis para gerar e manter os diversos ecossistemas onde prolifera a vida em suas inúmeras e ainda desconhecidas formas.
A biomassa, submetida a pressões de magnitude geológica durante milhões de anos, concentrou gigantescas quantidades de energia no petróleo, carvão e gás natural, os quais se apresentam, para nós, na forma de corriqueiros combustíveis fósseis, de onde retiramos a maior parte da energia e dos materiais sintéticos necessários para manter nosso modo de viver.

O efeito estufa que está nos levando ao limite de suporte da vida é resultante da exagerada queima de biomassa e de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural, ao longo dos anos-loucos da primeira Revolução Industrial, levando à exaustão recursos naturais não-renováveis e desencadeando complexo processo de aquecimento ao ultrapassar o limite de suporte do planeta na assimilação do CO2.

Ante esse quadro, chamam a atenção as possibilidades de aproveitamento das fibras vegetais produzidas pela floresta urbana, tanto aquelas coletadas pelo serviço de limpeza pública – poda, capina e varrição –, como aquela gerada pela manutenção de jardins particulares. Calcula-se que 70% de toda biomassa produzida pela arborização urbana termina em depósitos a céu aberto, mesmo se admitindo que muitas das espécies utilizadas em praças e jardins são potencialmente boas fornecedoras de fibras com qualidades físicas e químicas, principalmente para uso em pequenas escala. Dentre elas podemos citar ágaves (Agave angustifolia, Agave sisalana, Agave filifera), palmeiras (Phoenix canariensis, Livistona chinensis, Licuala grandis, Chrysalidocarpus lutescens, Cocos nucifera, Caryota urens, Caryota mitis), embaúbas (Cecropia glaziovi, Cecropia sciadophylla), coníferas (Cupressus sempervirens, Juniperus chinensis, Thuja occidentalis, Pinus eliottii, Araucaria angustifolia, Araucaria heterophylla) e muitos outros vegetais arbóreos, arbustivos e herbáceos cultivados pela madeira, fruto, folhas, flores, raízes, sementes, cascas, odor ou pelo efeito paisagístico.

As energias renováveis são fontes de energia limpa que podem substituir os combustíveis fósseis, tais como, o carvão, o gás e o petróleo. A produção deste tipo de energias baseia-se no aproveitamento do que a natureza nos dá sem causar impacte negativo no planeta. As principais energias alternativas são: energia eólica, solar, biomassa, geotérmica e hídrica. Com o uso destas energias estamos a contribuir para um ambiente mais propício para uma vida saudável na Terra, porque evitamos a poluição e a degradação do ambiente.


Biomassa

Uso energético requer planejamento racional

O uso de madeira para energia vem se mantendo estável nos últimos 10 anos, entre 240 e 260 milhões de m³ anuais. Isto coloca a geração de energia como um importante componente da utilização de recursos florestais no Brasil, preferencialmente resíduos. Se somente o montante de lenha utilizada pelo setor industrial (40% do consumo global) fosse comercializado, o volume de recursos monetário ultrapassaria US$ 500 milhões anuais. A utilização racional de fontes energéticas e a otimização dos suprimentos, dentro de políticas econômicas, sociais e ambientais vigentes justificam um planejamento energético.

Um estudo feito por especialistas da Arflor (Associação de Reposição Florestal do Vale do Caí, Unicamp e UFPB, constatou que numa área de 12.680 ha de plantações de eucalipto com um rendimento médio de 40 mst/ha/ano e um ciclo de corte de 6 anos, produzirão um total de 3,04 milhões de mst de madeira. Considerando a densidade básica média de 500 kg/mst e, que a madeira será utilizada com um teor de umidade médio de 18 %, resultando um total aproximado de 6,33 x 1012 Kcal.

Ao substituir o óleo combustível (BPS 1 A) que possui 10.000 Kcal/Kg, por essa madeira é evitado o consumo de 6,33 x 108 Kg de óleo combustível, que ao preço de R$ 0,51/Kg correspondem a um total de R$ 322.830.000,00. E em substituição à energia elétrica é evitado o consumo de 2,02 x 109 Kwh de energia elétrica, que correspondem a um total de recursos de R$ 283.750.000,00.

O custo médio do mst de lenha de eucalipto para o consumidor é de cerca de R$ 18,00, o que corresponde a um total médio de R$ 54.720 mil e portanto, os custos evitados com as substituições são em torno de R$ 268 mil e R$ 229 mil, para o óleo combustível e energia elétrica, respectivamente.

Segundo o engenheiro florestal Carlos Roberto de Lima, professor do DEF/ CSTR - UFPB, Campus VII, Patos - PB, o planejamento energético regional que considere a biomassa e a reposição florestal obrigatória possibilita reflexos benéficos para o meio ambiente e para a economia regional. Entre os benefícios ele cita: aumento da disponibilidade de madeira; a maior oferta força à redução dos custos; evitam-se os cortes da vegetação nativa; possibilita a geração de empregos e outros. Lima, que é concedeu as informações citadas acima.

Briquetagem

Existem diversas formas de aproveitar os resíduos da madeira, entre elas a briquetagem. A densificação do resíduo através do processo de briquetagem consiste na compactação a elevadas pressões, o que provoca a elevação da temperatura do processo da ordem de 100 ºC. O aumento da temperatura provocará a "plastificação" da lignina, substância que atua como elemento aglomerante das partículas de madeira. Isto justifica a não utilização de produtos aglomerantes (resinas, ceras, etc). Para que a aglomeração tenha sucesso, é necessária uma quantidade de água, compreendida de 8% a 15% e que o tamanho da partícula esteja entre 5 e 10 mm. O diâmetro ideal dos briquetes para queima em caldeiras, fornos e lareiras é de 70 mm a 100 mm, com comprimento de 250 a 400 mm. Outras dimensões (diâmetro de 28 a 65 mm) são usadas em estufas, fogões com alimentação automática, grelhas, churrasqueiras etc.

No equipamento do tipo Prensa Briquetadeira de Pistão, a compactação acontece por meio de golpes produzidos sobre os resíduos por um pistão acionado através de dois volantes. Do silo de armazenagem (aéreo ou subterrâneo) os resíduos são transferidos para um dosador e briquetados em seguida (forma cilíndrica). Na Briquetadeira por extrusão o produto é obtido com 5% de umidade, ou menos.

Quando a matéria prima é conduzida para a parte central do equipamento, chamada matriz, sofre intenso atrito e forte pressão, o que eleva a temperatura acima de 250 ºC, fluidificando-a. Posteriormente, o material é submetido a altas pressões, tornando-se mais compacto. No final do processo, o material é naturalmente resfriado, solidificando-se e resultando um briquete com elevada resistência mecânica. A lignina solidificada na superfície do briquete o torna também resistente à umidade natural.

Amazônia sustentável

Nas décadas de 80/90, reservas gigantescas de gás natural foram descobertas no Estado do Amazonas (Juruá e Urucu) que, entretanto, por não terem sido incorporadas ao modelo de produção energia, ainda não são exploradas com essa finalidade. A Amazônia convive, de um lado, com potenciais gigantescos de produção de energia elétrica que certamente precisam ser explorados com tecnologias que respeitem o meio ambiente e o povo amazônico, e, do outro, com índices de demanda reprimida, que impõem à sociedade limitações à sua sustentabilidade e desenvolvimento.

Lenha

A lenha é provavelmente o energético mais antigo usado pelo homem e continua tendo grande importância na matriz energética brasileira, participando com cerca de 10% da produção de energia primária. A lenha pode ser de origem nativa ou de reflorestamento. Ela chega a representar até 95% da fonte de energia países em desenvolvimento. Nos países industrializados, a contribuição da lenha chega a um máximo de 4%.

As novas tecnologias de conversão da lenha em combustíveis líquidos, sólidos e gasosos de alto valor agregado, têm, atualmente, grande interesse mundial e recebem importante quantia de recursos para suas pesquisas e desenvolvimentos. A combustão ou queima direta é a forma mais tradicional de uso da energia da lenha.

Cerca de 40% da lenha produzida no Brasil é transformada em carvão vegetal. O setor residencial é o que mais consome lenha (29%), depois do carvoejamento. Geralmente ela é destinada a cocção dos alimentos nas regiões rurais. Uma família de 8 pessoas necessita de aproximadamente 2 m3 de lenha por mês para preparar suas refeições. O setor industrial vem em seguida com cerca de 23% do consumo. As principais industriais consumidoras de lenha no país são alimentos e bebidas, cerâmicas e papel e celulose.

A substituição da lenha de mata nativa por lenha de reflorestamento vem crescendo a cada ano, sendo o eucalipto a principal árvore cultivada para este fim. Apresenta mais de 600 espécies, muitas delas foram desenvolvidas e adaptadas no Brasil, onde encontrou condições propícias para o seu rápido crescimento. As árvores de eucalipto podem ser cortadas a partir do sexto ano com produtividade extraordinária.

Na produção de lenha para fins comerciais, uma parte da árvore (troncos e galhos finos) é rejeitada constituindo os resíduos florestais. Além disso, as indústrias que usam a madeira para fins não energéticos, como as serrarias e as indústrias de móveis, produzem resíduos industriais como; pontas de toras, costaneiras e serragem em diferentes tamanhos de partículas e densidade, que podem ter aproveitamentos energéticos.

Fonte: Antonio Carlos Sarti-Unesp / Magda Adelaide Lombardo–Unesp

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