quarta-feira, 27 de março de 2013


Produtores perdem US$ 4 bilhões

com caos logístico no país


A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) calculou em pelo menos US$ 4 bilhões os prejuízos que os produtores terão neste ano com a caótica logística para a exportação de soja e de milho. 

A entidade diz que o país vai exportar 40 milhões de toneladas de soja e 18 milhões de toneladas de milho.

O custo para levar cada tonelada aos portos de Santos ou Paranaguá passou de US$ 81 para US$ 98 por tonelada, cerca de US$ 70 a mais do que pagam os concorrentes da Argentina e dos EUA.

Esse custo é descontado do preço da soja, cotada a US$ 525 a tonelada, e do milho -US$ 246 a tonelada.

"Os prejuízos envolvidos com o escoamento da safra já alcançaram valores superiores ao custo que teríamos em implantar vários corredores hidroviários no país", afirma Sérgio Mendes, presidente da Anec.

O Brasil tem planos para implantar ao menos duas hidrovias para escoamento da safra pelo Norte, nos corredores dos rios Teles Pires-Tapajós e Araguaia-Tocantins.

O único corredor de exportação que funciona com saída hidroviária pela bacia do Amazonas é a logística do rio Madeira, a partir de Porto Velho (RO).

O governo brasileiro demonstrou interesse em desenvolver sistemas de transporte hidroviário ao bancar a construção da eclusa que rompe a barragem da usina hidrelétrica de Tucuruí (PA), no rio Tocantins.

O país gastou R$ 1,6 bilhão (US$ 800 milhões) no projeto, mas mesmo concluída a estrutura é subutilizada devido a problemas com a navegação abaixo da barragem.

O escoamento de grãos para a exportação pela região Norte do Brasil resolveria parte dos problemas registrados atualmente nos portos de Santos e de Paranaguá.

VOLTA DO PROBLEMA

Depois de uma trégua de três dias, a rodovia Cônego Domênico Rangoni -principal via de circulação entre Bertioga, Guarujá, Cubatão e Santos- voltou a congestionar ontem. Obras de recapeamento da rua do Adubo, única que dá acesso ao porto, atrapalharam o fluxo.

A prefeita de Guarujá, Maria Antonieta de Brito, responsabilizou a PMR (Polícia Militar Rodoviária) por falha na fiscalização dos caminhoneiros.

Segundo ela, a separação de caminhões de contêineres e de grãos não foi feita.

A PMR disse que reforçou o efetivo na região para tentar organizar o fluxo de caminhões, mas diz que ainda aguarda medidas estruturais para resolver o problema do escoamento da safra.

FILA DE NAVIOS

Não são apenas caminhões que estão em fila. O porto de Santos tem hoje 45 navios esperando vaga no cais para carregar soja e farelo. Juntos, eles aguardam 2,6 milhões de toneladas de grãos.

Excluído o que chega a Santos sobre trens, o volume restante de 1,9 milhão de toneladas de soja precisará de 54 mil caminhões para dar conta de encher os porões dos graneleiros.

Por dia, descem a Santos 3.200 caminhões carregados com soja. Considerando todas as cargas, são mais de 10 mil caminhões. Logo, chegarão os caminhões de açúcar.

Na contramão de Santos (SP), o porto de Paranaguá (PR) não registra filas de caminhões há um ano e sete meses. Mas as filas de navios, problema também comum em Santos, permanecem.

O terminal paranaense chegou a ter filas de caminhões de até cem quilômetros no início dos anos 2000.

Há cerca de um ano, a administração começou a reforçar a comunicação com exportadores e caminhoneiros e a aplicar multas para fazer valer o pré-cadastro do porto, o Carga Online, que ordena o envio de carretas e o descarregamento nos terminais.

O software existe desde 2000, mas não funcionava antes por falta de controle. Hoje, um caminhão só desce ao porto se tiver senha.

O número de senhas distribuídas por dia varia conforme o número de navios atracados, a capacidade dos armazéns em Paranaguá e a capacidade de movimentação de cada terminal.

Se conseguiu desfazer esse nó, por outro lado, a gestão ainda não teve sucesso em aliviar a espera dos navios que aguardam para carregar, e cujo pico se repete safra após safra.

Ontem à tarde, havia 103 navios na fila, dos quais 75 iriam embarcar grãos. Três deles aguardavam desde 30 de janeiro --quase dois meses de espera.

Para a administração, a procura pelo porto independe do seu controle e reflete a alta demanda pelos grãos do país, que este ano terá mais uma safra recorde.

Fonte: folhaonline

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