quinta-feira, 14 de julho de 2011

Economias crescem, problemas também


O progresso das potências econômicas emergentes remodelará a economia mundial. Projeções do PIB para as nações do G20, baseadas no crescimento esperado da força de trabalho, taxas de investimento e a velocidade das mudanças tecnológicas indicam que a economia global mais do que triplicará em tamanho até 2050. 

China, Estados Unidos e Índia, nessa ordem, emergirão como as maiores economias, e seis das sete maiores economias serão tiradas dos países em desenvolvimento de hoje. Mais de 600 milhões de pessoas emergirão da pobreza só no G20, e as economicamente influentes classes média e alta ascenderão em torno do mundo, mais da metade localizada em países em desenvolvimento.

Embora os países em desenvolvimento venham a dominar a economia global, eles permanecerão relativamente pobres. Por volta de 2050, a renda per capita da China será de apenas 37 por cento do nível americano e a da Índia, de apenas 11 por cento pelas taxas de câmbio. Essa dissociação entre riqueza e tamanho econômicos complicará as tentativas de alcançar acordos econômicos internacionais, já que países relativamente pobres com influência crescente terão probabilidade de diferir sobre muitas questões em relação aos países avançados. As instituições internacionais precisarão se adaptar para refletir os relacionamentos de poder emergentes ou se tornarão gradualmente marginalizadas. A recente promoção do G20 sobre o G8 é apenas um sinal de que a mudança de poder já começou.


Contudo, esse progresso rápido está longe de assegurado. A ascensão do mundo em desenvolvimento gerará graves ameaças, desde o despertar de tensões geopolíticas associadas à transição de grandes poderes até o aumento do risco de crise financeira e retrocesso protecionista. Os padrões de vida mais altos já aumentaram as emissões de carbono e elevaram o potencial para desastre ambiental, bem como a ascensão dos países em desenvolvimento tornou mais difícil a cooperação global para fazer frente a todas essas questões.

Nesse meio-tempo, as estruturas multilaterais para facilitar isso parecem incapazes de lidar com os desafios atuais, sem mencionar os maiores que virão.

Como resultado, a ascensão dos países em desenvolvimento terá profundas implicações para quatro principais canais da globalização: comércio, finanças, migração e recursos globais.

Os países em desenvolvimento dominarão o comércio global. Sua participação nas exportações globais subirá de 30 por cento hoje para 70 por cento em 2050. Os países desenvolvidos irão se tornar relativamente menos importantes como mercados, os países em desenvolvimento passarão a ser os mercados mais importantes para os países desenvolvidos e o comércio entre os países em desenvolvimento crescerá. As vantagens comparativas entre os países em desenvolvimento mudarão, com a África tomando potencialmente o lugar de países como a China e a Índia na manufatura a baixos salários.

A ascensão dos países em desenvolvimento também apresentará oportunidades de longo alcance nas finanças internacionais: à medida que suas rendas subirem, firmas e indivíduos lá tirarão vantagem dos mercados internacionais, enquanto os investidores em países avançados se precipitam sobre as oportunidades proporcionadas por seu crescimento. Contudo, as instituições e estruturas de políticas que sustentam a estabilidade financeira nos países em desenvolvimento são ainda menos adequadas do que as dos países avançados, e os países em desenvolvimento estão intrinsecamente mais sujeitos à volatilidade. Portanto, mais do que no comércio, o peso crescente dos países em desenvolvimento nas finanças aumentará o potencial para crises sistêmicas extremamente custosas.

As pressões para o aumento da migração também se basearão em abordagens de 2050, particularmente à medida que as populações dos países ricos e as dos países mais pobres, especialmente na África, permanecem relativamente jovens. Mas, enquanto as barreiras ao comércio global caíram em grande parte durante os últimos 50 anos, as barreiras à imigração aumentaram progressivamente durante esse período. Em termos econômicos, isso é perverso, já que os ganhos da migração internacional ultrapassam os ganhos do comércio.

Fonte: The New York Times

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